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  • Ação editorial da oposição católica no Portugal dos anos 1960
    Publication . Medeiros, Nuno
    Durante grande parte da vigência do regime autoritário e ditatorial que governou Portugal – país majoritariamente católico – durante quase metade do século XX, e que para efeitos de funcionalidade terminológica se vai designar de Estado Novo, as manifestações de incidência política de desacordo, crítica ou confrontação no seio da Igreja católica portuguesa face às circunstâncias da governação, aos acontecimentos sociais e à relação de proximidade da hierarquia com as estruturas e posicionamento ideológico do poder aparentaram uma estabilidade e unicidade que veio a sofrer uma clara erosão e fragmentação em finais dos anos 1950 e, sobretudo, na década seguinte. Afirme-se sem equívocos que a crítica interna e a assunção de uma visão contestatária sempre se verificou no seio dos católicos portugueses, desde o início do período ditatorial, com denúncias de repressão política e tomadas de posição contra a persistente desigualdade social. Por outro lado, a inserção católica no universo da intervenção social e política verificava-se já no entrelaçamento entre o mundo do operariado, o sindicalismo e a presença organizada de feição assumidamente católica, com raízes no século XIX e com desenvolvimentos já nos anos 1930, 40 e 50, com expressão inclusive no universo operário e sindical. Mas as vozes dissonantes e a sua capacidade de amplificação foram sendo controladas e dissipadas com razoável sucesso público, tanto pelo aparelho de poder eclesial como pelo próprio regime, que atuou fortemente no sentido de retirar autonomia política aos movimentos católicos que pudessem mostrar capacidade de intervenção política e ideologicamente organizada.
  • O livro no Portugal contemporâneo
    Publication . Medeiros, Nuno
    Este livro analisa o mundo da edição de livros em Portugal entre finais do século XIX e finais do século XX. Afastando-se das explicações baseadas exclusiva ou primordialmente no texto e no autor, explora-se aqui a história do livro em Portugal no contexto as suas dinâmicas históricas e sociais, atendendo aos processos próprios que caracterizam a edição. Apresentam-se quatro estudos sobre a edição portuguesa contemporânea: o funcionamento de uma editora e o papel do editor em finais de oitocentos, a edição no contexto autoritário do Estado Novo, a circulação de livros entre Portugal e o Brasil e a configuração da cultura impressa e de género literário através do estudo da literatura policial.
  • A edição de livros como formulação do mundo: ideias e casos
    Publication . Medeiros, Nuno
    Este artigo incide sobre o editor de livros e o papel de mediação cultural e social que este exerce na sua actividade prescritiva e mediadora. Procura-se analisar o editor numa dupla vertente: a personagem social nas suas práticas e propósitos de constituição de públicos, mercados, hierarquias e modos de ler e extrair sentido, por um lado, e um conjunto de casos que permitam historicizar as possibilidades e contradições que esta personagem social encontra em contextos particulares, por outro. Na tentativa deste conhecimento convocam-se exemplos de formas contemporâneas de consagração e configuração de públicos leitores em Portugal, através da exploração de colecções editadas em épocas específicas do século XX, de prémios promovidos pelo sector editorial e pelo Estado (durante o regime ditatorial do Estado Novo), e de dois casos de acção editorial a partir do intercâmbio luso-brasileiro (ilustrados pelos projectos editoriais luso-brasileiros de António de Sousa Pinto e de Álvaro Pinto).
  • A consagração intelectual como acto editorial: lançar autores brasileiros em Portugal
    Publication . Medeiros, Nuno
    A transnacionalização dos processos de consagração de uma determinada literatura, corrente literária ou autor individual não se opera apenas entre línguas diferentes. No espaço interno de uma língua também se joga a capacidade de reinserir social, cultural e territorialmente o artefacto literário, constituindo a edição de livros uma das formas de consagração em que mais evidentemente se exprime esta transnacionalização. No quadro das relações literárias, editoriais e livreiras entre o Brasil e Portugal, o editor António de Sousa Pinto representou um dos expoentes deste tipo de circuito atlântico, primeiro como editor e livreiro no Brasil e depois como editor em Portugal, com o projeto editorial da Livros do Brasil. A apresentação proposta procura explorar os modos como o editor português instituiu ou tentou instituir fórmulas editoriais de consagrar autores e títulos brasileiros.
  • From seashore to seashore: the cross-Atlantic agenda of the publisher António de Sousa Pinto
    Publication . Medeiros, Nuno
    During the whole of the nineteenth century and the first decades of the twentieth century the transatlantic book trade was plainly asymmetrical, with Brazil seen by book vendors in Portugal as a natural extension of their market, destined to import books — a situation due largely to the incipient nature of Brazilian book production. However, the rapid development of the Brazilian printing and publishing industry in the first half of the twentieth century brought profound changes in the circulation of print material and in the traditional movements in the transatlantic book trade. Aware of those changes, some publishers and booksellers sought ways of expanding their businesses, by creating new openings for the circulation of books between the two countries. Taking the particular case of António de Sousa Pinto and his three Luso-Brazilian publishing ventures of the 1940s (Livros de Portugal, Edições Dois Mundos and Livros do Brasil), this article tries to understand the way publishers behaved in bringing together the two sides of the Atlantic closer together for the Lusophone book.
  • Dossiê os livreiros e o seu património
    Publication . Medeiros, Nuno; Melo, Daniel; Medeiros, Fátima Ribeiro de; Livreiros Sá da Costa
    Este dossiê representa a continuidade de um projecto que tem procurado debater publi­camente o património dos agentes ligados à produção e circulação do livro. Centrando-se nos espólios dos livreiros, a introdução problematizante e os depoimentos procuram dis­cutir o seu carácter invisível enquanto objecto de pesquisa, salvaguarda e divulgação. Há, então, uma reflexão que urge fazer, à semelhança do que ocorre com o património dos edi­tores (arquivos históricos e não só), no sentido de reconhecer o estatuto patrimonial e histó­rico dos acervos dos livreiros e das livrarias enquanto espaços fundamentais da construção da cultura impressa e da história do livro e da edição. Mas é também urgente conferir ao debate um cunho de acção e de cooperação inter-institucional que suscitem uma sensibili­dade política e o aparecimento de possibilidades concretas de salvamento, recolha e depó­sito sistemático de um dos mais fundamentais elementos da memória colectiva escrita. Os depoimentos referidos são de Fátima Ribeiro de Medeiros e dos Livreiros da Sá da Costa.
  • Edição de livros e Estado Novo: apostolado cultural, autonomia e autoritarismo
    Publication . Medeiros, Nuno
    Os agentes de prescrição, produção e disseminação do livro surgem como eixos fundamentais no entendimento dos processos de relação com a palavra escrita e publicada em contextos com características históricas particulares. Neste domínio específico, a edição e os editores constituem-se como actores com acção relevante nesses processos de relação com a cultura escrita, cuja dinâmica de articulação com outros actores, espaços e práticas (do poder administrativo ao mercado do livro, das formas de lazer aos hábitos de leitura) permite uma perspectiva sobre o campo cultural mais alargado. Extravasando a esfera cultural e nela radicando como universo reticular de colaborações, conflitos e posições - que assentam em ligações familiares, em lugares de sociabilidade, em redes de relação comercial, em pontos de contacto comuns ou semelhantes com outros actores provenientes de esferas como a literária, a política, a académica -, o campo editorial emerge como domínio social próprio, edificando através da intervenção dos seus agentes uma das mediações mais significativas entre as várias instâncias de produção e apropriação das ideias e dos saberes. Neste âmbito. Este texto pretende explorar algumas das múltiplas formas com que a edição e o editor em Portugal se foram construindo no período do Estado Novo, assumindo o estudo como objectivo essencial a interpretação da vitalidade e complexidade demonstradas pela persona do editor português e pelo sector de actividade em que este se posiciona, caracteriuzados pela existência de aspectos tensionais e contraditórios.