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- Companhia Nacional de BailadoPublication . Fazenda, Maria JoséA pandemia de Covid-19 obrigou à supressão da condição sine qua non para que a dança teatral aconteça: a copresença de bailarinos e espetadores, num mesmo lugar, ao vivo. A Companhia Nacional de Bailado interrompe os seus espetáculos e a distância procura formas de manter o contacto com o público.
- Quatro minutos e trinta e três segundos, por exemplo. O tempo cronometrado e a perceção subjetiva da duração em Merce CunninghamPublication . Fazenda, Maria JoséO modo como o bailarino sente o tempo e a forma como o coreógrafo reconfigura a experiência subjetiva do tempo são aspetos, associados a outros fatores constitutivos do movimento, como o espaço, através dos quais a dança se refere ao mundo, nas suas várias dimensões — social, cultural, política, ambiental. Partindo desta premissa, sugiro que, na obra de Merce Cunningham (1919-2009), a forma como o movimento é trabalhado no tempo constitui um fator determinante na representação em cena dos ideais de uma sociedade democrática, igualitária. Concomitantemente, não é negligenciável a liberdade percetiva que é concedida ao espectador. Analisando a forma como o coreógrafo concilia uma atitude inflexível relativamente ao tempo de ocorrência de um movimento, o recurso a métodos aleatórios na composição coreográfica e a valorização da sua expressão individual por parte de cada bailarino, e apoiada na distinção que Henri Bergson (1889) estabelece entre o tempo dividido, cronometrado, e a duração, a apreensão subjetiva do tempo, procurarei reforçar a ideia de que o pensamento e a prática de dança que Cunningham preconiza, a partir dos anos 1940, com a cumplicidade do compositor John Cage nos fez ver o mundo de uma forma como até aí não tinha sido representado em cena.
- Uma intensa presença do corpo: a dança em Portugal no contexto de uma democracia recentePublication . Fazenda, Maria JoséA proximidade do Encontro Corpo Presente: Novos discursos sobre o corpo nas artes performativas em Portugal com o quadragésimo aniversário da Revolução dos Cravos e a leitura da nova literatura histórica e sociológica sobre o Estado Novo, recentemente publicada, provocou-nos a vontade de revisitar a narrativa histórica sobre a dança independente em Portugal, designadamente a inscrita em textos de Ribeiro (1991 e 1994) e de Fazenda (1997)1. A distância temporal, entretanto criada, também favorece o refrescamento do olhar. Nos finais dos anos 1980 e início dos anos 1990, a dança em Portugal manifesta-se de forma particularmente viva e diversificada, ao nível das orientações estéticas, linguagens e universos temáticos. Ao rever algumas obras criadas nesta época, questionamo-nos porque é que nelas o corpo se torna tão intensamente presente, através dos gestos, da tensão muscular e da contração, dos movimentos assimétricos e das torções. Refiro-me a obras de Paulo Ribeiro, de Clara Andermatt, de Vera Mantero e de Francisco Camacho. Cada um destes coreógrafos tem uma assinatura e um universo próprios e um trabalho que se vai, ao longo do tempo, transformando, quer artística quer tematicamente. Mas há um elemento que une algumas das suas obras daquele período: a intensa presença do corpo. (...)
- Interações na cena da dança contemporânea: Duetos, solos e gruposPublication . Fazenda, Maria JoséNa dança, criadores e intérpretes estabelecem modelos de interação através dos quais exprimem o modo como se veem a si próprios na sua relação com os outros. Que ideias sobre os corpos feminino e masculino emergem quando uma pessoa dança com outra? Que conceções do “eu” adquirem visibilidade quando um só intérprete se revela em cena? Como se relaciona o indivíduo com o grupo e que valor lhe é atribuído no seu seio? Estas são algumas das questões a que nos propomos responder, reportando-nos à dança contemporânea cujo nascimento situamos, seguindo a historiadora e filósofa Laurence Louppe (2012), no final do século XIX, com a atividade de Isadora Duncan. As intervenções desta bailarina dariam ainda início, no campo da dança contemporânea, ao que a filósofa designa por a grande modernidade. A grande modernidade reporta-se ao grupo dos bailarinos que, desde o final do século XIX-início do século XX, e até aos anos 1960, inventaram, simultaneamente, uma prática e uma teoria de e para a dança. Ao quadro das diferentes poéticas instauradas pelos grandes protagonistas da dança contemporânea, de Isadora Duncan ao Judson Dance Theatre, passando por Mary Wigman, Martha Graham ou Merce Cunningham, entre outros, sobre as quais Louppe incide, permitir-nos-íamos alargar este período aos anos 1970, nele incluindo o contact improvisation cuja invenção é atribuída a Steve Paxton. E onde Louppe encontra uma diversidade de ferramentas e teorias que alteraram a maneira de os artistas verem e refletirem sobre o mundo, propomo-nos, no seu filão, evidenciar que estes artistas incluem também nas suas novas visões do mundo novas formas de se representarem e posicionarem, interagindo, em duetos ou em grupos, na dança e fora dela.
- Do desenvolvimento da dança teatral em Portugal no pós-25 de abril de 1974: circunstâncias, representações, encontrosPublication . Fazenda, Maria JoséNeste trabalho, o objetivo é perceber, de forma encadeada, que condições favorecem o crescimento da dança em Portugal, a diversificação de projetos e estéticas, e quais os movimentos das pessoas e as relações que os instigam ou propiciam, nos termos em que a articulação destes domínios é formulada pelo cientista social Steven Vertovec (2015), no âmbito dos estudos sobre a diversidade.
- The sorrow and the hope of a dancer: remembering still/here twenty-five years after the première of Bill T. Jones’ dance piecePublication . Fazenda, Maria JoséO sofrimento e a esperança de um bailarino: recordar Still/Here, de Bill T. Jones, vinte e cinco anos após a sua estreia Coreógrafo norte-americano, Bill T. Jones iniciou a sua atividade como bailarino profissional na década de 1970. Jones pratica e reflete sobre a arte e a criatividade estabelecendo uma relação direta com a sua própria experiência de vida e a sociedade em que vive. Still/Here (1994) é uma peça que, precisamente, representa um marco no contexto da sociedade e da arte do final do século passado, nomeadamente por abordar um tema relevante que afetou a experiência de muitas pessoas na sociedade euro-americana naquela época decorrente da crise do HIV/SIDA. Neste texto, partindo da premissa de que a reflexividade (Turner 1987) é uma característica da dança teatral, atendendo aos modos de representação das experiências emocionais no trabalho de Jones, e concentrando- me em peças criadas antes e depois de Still/Here – a saber, D-Man in the Waters, Achilles Loved Patroclus e Ursonate –, argumentarei que a expressão emocional, para além das explicações psicobiológicas (Lutz e White 1986), tem uma motivação que só será compreensível se considerarmos a posição (Rosaldo 1984) a partir da qual Jones vive as suas experiências e constrói a sua visão de mundo e um significado que só é percebido à luz do “contexto biográfico” (Gell 1998) do coreógrafo
- As histórias que as pessoas dançam sobre si próprias : as linguagens de Jérôme Bel, Montalvo/Hervieu, Shobana Jeyasingh e Akram KhanPublication . Fazenda, Maria JoséNum contexto em que as práticas contemporâneas da dança teatral se complexificam pela articulação de diferentes idiomas de movimento e pela expressão de diferentes experiências socioculturais, proponho-me reforçar a importância do estudo antropológico para a compreensão da dança enquanto forma de cultura. Refiro-me à cultura entendida enquanto padrão de significados que são, simultaneamente, incorporados e postos em ação pelos agentes sociais, contribuindo para a formulação e instauração de valores. Os grandes contributos da antropologia para o estudo da dança são a sua capacidade de atribuir uma inteligibilidade às práticas da dança teatral que passa pelo reconhecimento: 1) da natureza cultural e socialmente construída do movimento humano; 2) e de que a dança é uma forma de ação e significação através da qual os agentes produzem cultura, desenvolvem conhecimento sobre o mundo e fazem comentários sobre as suas próprias experiências. Procuraremos reforçar o nosso argumento convocando obras coreográficas de Jérôme Bel, de Montalvo/Hervieu, de Shobana Jeyasingh e de Akram Khan.
- As formas cristalizadas do corpoPublication . Fazenda, Maria JoséPara além das marcas permanentes, temporárias ou efémeras, sobre o corpo - as tatuagens, a pintura, a maquilhagem - dos envolvimentos do corpo - a indumentária, as máscaras, os adornos - do corpo perfurado ou seccionado, do corpo como possibilidade de ficções metamorfósicas como as de Kafka ou do 'cinema fantástico' (...)[(...)]
- Merce Cunningham, uma revolução tranquilaPublication . Fazenda, Maria JoséA Merce Cunningham Dance Company, fundada em 1953, constituída por um grupo de bailarinos que sempre apresentou diversidade, e os seus colaboradores de outras áreas artísticas transpõem para o palco a representação de uma sociedade governada pelos ideais democráticos, de reconhecimento da pluralidade, da autonomia e da expressão individuais, com um eco significativo na atualidade, como se demonstra quer pelo interesse persistente na remontagem das suas obras quer pelas novas danças que as suas criações inspiram.
- Da vida da obra coreográficaPublication . Fazenda, Maria JoséEm Da Vida da Obra Coreográfica consideram-se as circunstâncias em que uma obra é criada e os processos que asseguram que ela seja reapresentada em diferentes momentos e lugares, ressurgindo, reinterpretada, também na Companhia Nacional de Bailado, uma instituição portuguesa investida, simultaneamente, da responsabilidade de manter vivas obras do património da dança e de produzir novas criações. Nestas páginas, pondera-se a natureza intangível da dança e consideram-se os mecanismos da sua transmissão; traça-se a história das deslocações e transformações de La Fille mal gardée, o ballet mais antigo mantido em repertório no quadro da dança teatral de tradição europeia; identificam-se as características de La Sylphide e de Giselle, dois dos ballets românticos mais frequentemente remontados internacionalmente, e os traços que partilham com a literatura da época; atenta-se na expressividade dos solos e das composições para grupo em La Bayadère, A Bela Adormecida e O Lago dos Cisnes; analisam-se os símbolos e os valores decretados em O Quebra-Nozes e as novas criações que este ballet suscita, como Quebra Nozes Quebra Nozes; perscruta-se o tema do ritual tratado em A Sagração da Primavera e a forma como é revisitado em iTMOi; sublinham-se as competências técnicas e a abrangência estilística dos bailarinos de uma companhia de repertório e destacam-se obras que eles suscitam, como A Perna Esquerda de Tchaikovski, entre outras.