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- Pelo Império, Publicar! Defender o colonial português através da edição de livros durante o século XX na metrópolePublication . Medeiros, NunoEste capítulo incide na procura e delimitação de um corpus de títulos e coleções de livros, publicado em Portugal no século xx e até à independência das colónias africanas, que se centre no temário imperial, colonial, do exótico como outro ou espaço diferente, e sobre o qual recai uma conotação positiva, assimilada a uma doutrina de domínio ultramarino. Identificam-se as lógicas da edição desse corpus a partir de elementos axiais predominantes ou em articulação: celebratório, de denúncia, descritivo, prescritivo, entre outros, alicerçando o exercício na premissa de que se trate de obras e séries que defendam a vocação colonial portuguesa, plasmada em ideias como missão civilizadora, desiderato histórico irreprimível ou excecionalidade como marca identitária da nação. A ambição não é compreender a totalidade da atividade editorial durante o período mencionado, mas apresentar um observatório suscetível de demonstrar que a produção – e, em última análise, a circulação – de livros, no que aos temas do império colonial português diz respeito, habita um mundo social imbricado nas dinâmicas político-históricas prevalecentes em Portugal.
- O SPN e o SNI na encruzilhada do livro: António Ferro e o campo oficial da edição no Estado NovoPublication . Medeiros, NunoNo quadro do projecto de aglutinação orgânica da política de exaltação das virtudes do Estado Novo, a actividade dos seus serviços de propaganda, nomeadamente o Secretariado da Propaganda Nacional (SPN), depois renomeado Secretariado Nacional da Informação, Cultura Popular e Turismo (SNI), traduziu, sob a liderança do seu primeiro director, António Ferro, um dinamismo que não conhecerá par na relação do regime com o livro e o sector da edição. O acto fundador que criou o SPN em 1933 incumbiu o novo organismo do Estado de «integrar os portugueses no pensamento moral que deve dirigir a Nação», ficando aquele na dependência directa da Presidência do Conselho de Ministros, logo, de Salazar. Ferro baptizou a matriz filosófica da recém-criada instituição de «Política do Espírito», apontando um verdadeiro imperativo a consumar governativamente, imiscuindo no cadinho salazarista propaganda e política cultural. António Ferro gizou e assumiu um programa que aspirava a infundir no salazarismo «um ‘projecto cultural’, combinando habilmente recursos estéticos modernos com um programa nacionalista de ‘reinvenção da tradição’ que excedeu largamente as necessidades de propaganda interna e externa» do Estado Novo. Depois de um período de grande intensidade e concretizações, em 1944 o SPN passou a SNI, permanecendo até 1950 sob a tutela de Ferro, que se adaptou «à nova imagem de eficiência e racionalização que Salazar […] procurara instituir como novo modelo político».
- Ação editorial da oposição católica no Portugal dos anos 1960Publication . Medeiros, NunoDurante grande parte da vigência do regime autoritário e ditatorial que governou Portugal – país majoritariamente católico – durante quase metade do século XX, e que para efeitos de funcionalidade terminológica se vai designar de Estado Novo, as manifestações de incidência política de desacordo, crítica ou confrontação no seio da Igreja católica portuguesa face às circunstâncias da governação, aos acontecimentos sociais e à relação de proximidade da hierarquia com as estruturas e posicionamento ideológico do poder aparentaram uma estabilidade e unicidade que veio a sofrer uma clara erosão e fragmentação em finais dos anos 1950 e, sobretudo, na década seguinte. Afirme-se sem equívocos que a crítica interna e a assunção de uma visão contestatária sempre se verificou no seio dos católicos portugueses, desde o início do período ditatorial, com denúncias de repressão política e tomadas de posição contra a persistente desigualdade social. Por outro lado, a inserção católica no universo da intervenção social e política verificava-se já no entrelaçamento entre o mundo do operariado, o sindicalismo e a presença organizada de feição assumidamente católica, com raízes no século XIX e com desenvolvimentos já nos anos 1930, 40 e 50, com expressão inclusive no universo operário e sindical. Mas as vozes dissonantes e a sua capacidade de amplificação foram sendo controladas e dissipadas com razoável sucesso público, tanto pelo aparelho de poder eclesial como pelo próprio regime, que atuou fortemente no sentido de retirar autonomia política aos movimentos católicos que pudessem mostrar capacidade de intervenção política e ideologicamente organizada.
- Inconstância, ausência e paradoxo na política para o livro no Estado Novo portuguêsPublication . Medeiros, NunoNeste artigo procura-se entender a dúplice forma como o Estado Novo em Portugal lidou com o livro como objecto de acção política. As tentativas de enquadrar o livro como alvo de promoção no sentido de um apoio efectivo e da adopção de medidas correctivas das disfunções do mercado, próprias de uma matriz contemporânea e aberta de sistemas políticos e sociais desenvolvidos, nunca terão verdadeiramente existido durante o período autocrático. Com efeito, desde o seu começo até meados da década de 1950 o regime hesitou entre fórmulas – isoladas – de suporte à edição e à leitura, que não pôde ou não quis consolidar, e opções tendentes a conseguir arregimentar agentes do livro (sobretudo editores e autores) à nunca concretizada literatura oficial do Estado Novo, e que obedecesse aos seus pressupostos. O caminho trilhado parece ter sido, a partir de dado momento, essencialmente o da repressão ao livro, pautando o poder a sua actuação pela ausência de propostas de fomento do mercado editorial e livreiro como as que se verificaram noutros contextos nacionais, inclusive ditatoriais.
- Edição, Estado e regime: fenomenologias na ditadura portuguesaPublication . Medeiros, NunoNesta comunicação procura-se entender o modo ambíguo, quando não dúplice, como o Estado Novo lidou com o livro enquanto objeto de ação política. As tentativas de enquadrar o livro como alvo de promoção no sentido de um apoio efetivo e da adoção de medidas corretivas das disfunções do mercado, próprias de uma matriz contemporânea e aberta de sistemas políticos e sociais desenvolvidos, nunca existiram verdadeiramente durante o período da ditadura. Com efeito, desde o início o regime autoritário hesitou entre fórmulas – isoladas – de suporte à edição e à leitura, que não pôde ou não quis consolidar, e opções tendentes a conseguir arregimentar agentes do livro (sobretudo editores e autores) à nunca concretizada literatura oficial do Estado Novo. Em finais dos anos 1950, esta ambiguidade cessou, cedendo à via praticamente única da repressão do livro, pautando o poder a sua atuação pela ausência de propostas de fomento do mercado editorial e livreiro como as que se verificaram noutros contextos nacionais, inclusive autocráticas.
- O livro no Portugal contemporâneoPublication . Medeiros, NunoEste livro analisa o mundo da edição de livros em Portugal entre finais do século XIX e finais do século XX. Afastando-se das explicações baseadas exclusiva ou primordialmente no texto e no autor, explora-se aqui a história do livro em Portugal no contexto as suas dinâmicas históricas e sociais, atendendo aos processos próprios que caracterizam a edição. Apresentam-se quatro estudos sobre a edição portuguesa contemporânea: o funcionamento de uma editora e o papel do editor em finais de oitocentos, a edição no contexto autoritário do Estado Novo, a circulação de livros entre Portugal e o Brasil e a configuração da cultura impressa e de género literário através do estudo da literatura policial.
- Action, reaction and protest by publishers in 1960s Portugal: books and other publications in the Catholic oppositionPublication . Medeiros, NunoThe authoritarian regime of the Portuguese Estado Novo (New State), the longest dictatorship in twentieth-century Western Europe, suffered one of its most serious threats during the late 1950s and the whole of the following decade. An array of events and dynamics of opposition to the regime and condemnation of the political and social situation in Portugal appeared at that time. One of the core groups that displayed their dissidence in the 1960s, with the awakening of their critical conscience, originated in Catholic sectors that rallied the laity and the clergy to express their disagreement or even break with the government of Salazar (and, later, Marcelo Caetano). This article aims to establish the role of print culture and, in particular, publishing in the opposition’s mobilisation of Catholics who criticised the Estado Novo. It will also closely examine the contribution of certain publishers to the formulation of the terms of this mobilisation, in publishing new authors and topics and creating new printed forums (e.g. periodicals) for discussion and reflection. The most detailed case will be that of the publishing house Livraria Moraes Editora, under the command of the publisher António Alçada Baptista.
- Edição de livros e Estado Novo: apostolado cultural, autonomia e autoritarismoPublication . Medeiros, NunoOs agentes de prescrição, produção e disseminação do livro surgem como eixos fundamentais no entendimento dos processos de relação com a palavra escrita e publicada em contextos com características históricas particulares. Neste domínio específico, a edição e os editores constituem-se como actores com acção relevante nesses processos de relação com a cultura escrita, cuja dinâmica de articulação com outros actores, espaços e práticas (do poder administrativo ao mercado do livro, das formas de lazer aos hábitos de leitura) permite uma perspectiva sobre o campo cultural mais alargado. Extravasando a esfera cultural e nela radicando como universo reticular de colaborações, conflitos e posições - que assentam em ligações familiares, em lugares de sociabilidade, em redes de relação comercial, em pontos de contacto comuns ou semelhantes com outros actores provenientes de esferas como a literária, a política, a académica -, o campo editorial emerge como domínio social próprio, edificando através da intervenção dos seus agentes uma das mediações mais significativas entre as várias instâncias de produção e apropriação das ideias e dos saberes. Neste âmbito. Este texto pretende explorar algumas das múltiplas formas com que a edição e o editor em Portugal se foram construindo no período do Estado Novo, assumindo o estudo como objectivo essencial a interpretação da vitalidade e complexidade demonstradas pela persona do editor português e pelo sector de actividade em que este se posiciona, caracteriuzados pela existência de aspectos tensionais e contraditórios.