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- A fragilidade da diversidade e pluralismo na informação televisiva em Portugal: o caso da Região Autónoma dos AçoresPublication . Bicudo, Maria Leonor; Subtil, Filipa Mónica de Brito GonçalvesAssegurar a diversidade e o pluralismo da informação é uma das muitas obrigações legais fixadas na Lei da Televisão. Os operadores estão sujeitos ao cumprimento do quadro legal e aos compromissos contratualmente estabelecidos. A RTP encontra-se adstrita a esses acordos definidos no seu Contrato de Concessão do Serviço Público de Rádio e Televisão e a SIC e a TVI têm obrigações preconizados nos seus Alvarás para o Exercício da Atividade de Radiotelevisão. Também nestes documentos são definidos deveres específicos no que concerne à difusão de uma informação diversificada e plural. Uma das conclusões a que a Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) chegou ao avaliar a renovação das licenças para o exercício da atividade dos operadores SIC e TVI (Deliberação 1-L/2006 da ERC) foi o cumprimento pouco satisfatório das obrigações de natureza legal e dos compromissos assumidos nos projetos de candidatura apresentado a concurso pelos canais privados. Contudo, as licenças foram renovadas sem penalizações. Durante o prazo de validade das licenças de emissão, a ERC é responsável pela avaliação progressiva do cumprimento das incumbências dos operadores privados, nomeadamente o respeito pela diversidade e pluralismo geográfico. De forma sistemática, o regulador tem advertido para a representatividade desproporcional da região da Grande Lisboa relativamente ao resto do país e de forma ainda mais acentuada no que toca ao Sul e Regiões Autónomas dos Açores e da Madeira. Perante essa realidade, a ERC tem considerado os blocos informativos de horário nobre da SIC e da TVI como pouco diversos. São dois os objetivos da presente comunicação: 1) explicitar as obrigações a que os operadores televisivos estão subordinados em matéria de diversidade e pluralismo no que toca à representatividade das várias regiões; 2) verificar se a lei é suficientemente definida e efetivamente fiscalizada. Para o primeiro objetivo, procedeu-se a uma pesquisa e análise crítica do enquadramento legal e para o segundo às avaliações da Entidade Reguladora para a Comunicação Social aos canais generalistas. O campo empírico estudado, e que pode servir de pista indicativa para outras regiões periféricas, diz respeito à cobertura noticiosa da SIC, durante o primeiro semestre de 2020, à Região Autónoma dos Açores. Duas conclusões são apresentadas. Por um lado, a lei não é nem suficientemente clara nem superintendida, o que contribui para a manutenção nos canais de televisão generalistas de espaços informativos insuficientemente plurais e diversificados; por outro, defende-se que o panorama da informação na televisão em Portugal só poderá ser alterado com uma legislação mais rigorosa e assertiva, acompanhada de uma monitorização exigente do seu cumprimento, com penalizações para infrações, capazes de surtir efeito no comportamento dos operadores televisivos no que à diversidade geográfica diz respeito.
- Lobistas ex-políticos: um obstáculo à regulamentação do lobbi em Portugal?Publication . Borges, Maria Beatriz; Nunes, Tatiana Filipa GomesA regulamentação do Lóbi em Portugal tem vindo a ser debatida e é possível verificar um aumento da quantidade e qualidade das reportagens e notícias sobre o tema (Borges, 2021). Falamos de um “conjunto de atividades que visam exercer uma pressão, direta ou indireta, sobre os poderes públicos (legislativo e executivo), na defesa dos interesses de uma empresa, instituição, setor de atividade, região ou país, no plano legislativo.” (Lampreia, 2005, p.19). Os Lobistas são os profissionais que desenvolvem esta atividade por conta de outrém, podendo o Lóbi ser desempenhado por profissionais de comunicação, advogados, cidadãos, entre outros, desde que o façam de forma transparente. É neste campo que se inserem os lobistas ex-políticos, que exercem pressão junto do poder legislativo, como os restantes profissionais. Mas será que o fazem com transparência? Quais os contornos da prática do Lóbi por este grupo? A falta de regulamentação da atividade de Lóbi no nosso país pode estar relacionada com vários fatores, entre eles, a reputação negativa que advém da forma como os lobistas ex-políticos exercem pressão sobre o poder legislativo nacional. Este grupo, também conhecido por Revolving Doors (Coroado, 2014), volta a interagir com os legisladores após deixarem de exercer funções na política, mas desta vez no papel de lobistas. Objetivos Pretende-se estudar de que forma a existência de lobistas ex-políticos pode ser um obstáculo à regulamentação do Lóbi em Portugal. Será que os lobistas ex-políticos não têm interesse na regulamentação do Lóbi? Tendo os lobistas ex-políticos contactos informais com os legisladores devido à sua anterior função, recorrem por vezes a alguma pressão informal para alterar determinadas leis? Será que este aspeto leva a que não tenham interesse em que a atividade de Lóbi seja regulamentada para que possam ter vantagem sobre os seus concorrentes lobistas? Será que deste modo estes profissionais não têm que declarar os interesses que representam? Quais as questões éticas que se levantam? Metodologia Para além da análise documental a livros e artigos desta área da Comunicação Política, realizaram-se entrevistas semi-estruturadas por email (outubro de 2017) a cinco peritos nacionais, que representam áreas distintas, mas cujas opiniões refletem uma visão diferente deste tema. Para a análise dos resultados das entrevistas, utilizou-se o método de Análise de Conteúdo Qualitativa. Resultados Os lobistas ex-políticos geram, de facto, controvérsia entre a academia e entre os entrevistados, sendo levantadas questões de falta de profissionalismo e de transparência, recurso a contactos privilegiados para pressionar o poder legislativo e pelo facto de não assumirem que fazem Lóbi. Os resultados sugerem que o modo como os lobistas ex-políticos exercem pressão sobre os legisladores não é adequado nem transparente, o que se reflete na reputação negativa associada a este grupo. Sendo o Lóbi comunicação através da persuasão junto dos legisladores, parece que a forma como os lobistas ex-políticos expõem os seus interesses não corresponde ao que se espera de um profissional de comunicação.
- Comunicação, indústria e mercados globais: um olhar disruptivo sobre o paradigma dominantePublication . Raposo, Ana Luísa Canelas Rasquilho; Eiró-Gomes, Mafalda; Gonçalves, MartaCom a declaração da pandemia de SARS-CoV-2 em março de 2020 pela Organização Mundial de Saúde (OMS), as empresas foram surpreendidas por um cenário que poucas, ou nenhumas, tinham considerado nos seus planeamentos estratégicos. Pese embora as empresas Business-to-Business (B2B) funcionem no backstage do processo de criação de valor, estas são uma peça-chave dando um contributo essencial para o mesmo. Perante este cenário, surgiu a necessidade de compreender como é entendido o papel da Comunicação na gestão da relação com os stakeholders das empresas nacionais B2B com foco na exportação, que se viram forçadas a repensar um conjunto de pressupostos assumidos até então como válidos. No estudo desenvolvido entre setembro de 2020 e janeiro de 2021, optou-se pelo recurso a métodos mistos, conjugando uma abordagem quantitativa e qualitativa para recolha (inquérito por questionário - 124 empresas, inquérito por entrevista - 33 empresas, análise documental) e tratamento dos dados (análise estatística descritiva e análise de conteúdo categorial temática). Assim, foi possível realizar uma triangulação de dados de diferentes fontes primárias e secundárias. Nesta investigação de carácter exploratório, foram analisadas empresas com exportações em 2019 de valor igual ou superior a um milhão de euros e com destino a três ou mais mercados externos, associadas da aicep Portugal Global. Simultaneamente, foram ainda contactadas pela SayU Consulting empresas com um volume de exportações de valor igual ou superior a 500 mil euros e com destino a pelo menos um mercado externo. As conclusões do estudo apontam para o facto de que, se é certo que as empresas B2B vendem produtos/serviços únicos e diremos melhor "conhecimento" na cadeia de valor, é a Comunicação institucional / Corporativa, a confiança e a unicidade da empresa, que permite fechar os negócios e contribuir para o sucesso da mesma. Não só as empresas B2B exportadoras individualmente, mas todas as organizações, como associações empresariais e sectoriais, que em cada um dos setores de atividade operam com a missão de promover e posicionar cada uma das indústrias, terão de olhar de uma forma diferente para a "comunicação", não se resumindo esta à componente comercial de divulgação de produtos e/ou serviços. O mundo pós-pandemia irá exigir maior transparência e mais confiança. Será essencial às empresas em análise neste estudo, aumentar a sua reputação e construir e consolidar as suas relações com todos os agentes da cadeia de produção, desde o fornecedor de matéria-prima de base até ao último cliente (o comprador), passando por todas as outras partes interessadas, como colaboradores, parceiros, entidades reguladoras ou governo.
- Jornalismo de cinema: um olhar para a imprensa, televisão, rádio e onlinePublication . Lourenço, Jaime; Centeno, Maria JoãoO Jornalismo Cultural abrange vários subgéneros de acordo com as diferentes manifestações artísticas e culturais. Um deles é o Jornalismo de Cinema, que se situa no mesmo quadro conceptual do Jornalismo Cultural, possuindo as mesmas características e assumindo-se como um campo de sentido informativo, crítico e pedagógico, mas com a actividade cinematográfica enquanto objecto. No entanto, e apesar de o cinema ser uma das três principais manifestações artísticas presentes nas páginas dos principais jornais portugueses entre 2000 e 2010 (de acordo com dados do projecto Cultura na Primeira Página), o Jornalismo de Cinema ainda é um campo por explorar pelas ciências sociais e da comunicação. A presente comunicação pretende apresentar os resultados da análise à cobertura cinematográfica realizada pelos principais jornais portugueses (Público, Correio da Manhã, Jornal de Notícias, Diário de Notícias, Expresso e Observador) nas versões impressas e online e pelos programas televisivos especializados em cinema (Janela Indiscreta, Cartaz Cinema e Cinebox) e radiofónicos (Cinemax e A Grande Ilusão), de forma a identificar as principais características do Jornalismo português de Cinema ao longo do ano 2019. A análise permite-nos concluir que estamos perante um jornalismo caracterizado pela divulgação, nomeadamente a propósito das estreias de filmes, uma vez que se verifica o seguimento escrupuloso pelos jornais e programas analisados do calendário de estreias. Por sua vez, o carácter reflexivo e interpretativo, característico do jornalismo de cinema e do seu formato identificador, a crítica, sai enfraquecido pela força da atualidade. Assim, propomos, com esta comunicação, problematizar a cobertura jornalística que foi feita pelos jornais portugueses do cinema durante o ano de 2019. Esta comunicação faz parte da investigação de doutoramento “Jornalismo de Cinema em Portugal” financiada pela Fundação para a Ciência e Tecnologia.
- Fala barato: filtros criativos e competições alternativasPublication . Bonacho, Fernanda; Pina, Helena Figueiredo; Araújo, SusanaApesar da familiaridade dos jovens com a Internet e outros dispositivos digitais, há um consenso em relação à necessidade da promoção da literacia comunicacional no contexto atual de uma complexa convergência mediática. A forma como comunicamos e partilhamos mensagens requer uma diversidade de competências múltiplas (literacia mediática, digital, informacional, visual, multimodal, comunicacional), que se distinguem entre si por requererem diferentes consciências do impacto que a comunicação tem em nós e na nossa relação com os outros. As diferentes situações que as múltiplas literacias permitem resolver ultrapassam o facto de pertencerem a uma ou outra área ou disciplina fechadas sobre si mesmas. Os jogos, de uma forma geral, envolvem sempre transmedialidade: colaboração, competição, partilha, procura de informação, que são práticas que nos desafiam como um todo e que impactam no desenvolvimento de competências transmedia da comunidade estudantil. O “Fala Barato” é uma proposta de jogo de tabuleiro desenvolvida no âmbito do projeto “Academia da Leitura do Mundo: a comunicação, o jornalismo e eu”, que disponibiliza uma experiência imersiva a jovens entre os 14 e os 25 anos. A Academia foi selecionada para integrar a rede nacional das Academias Gulbenkian do Conhecimento 2019, e acolhida por várias instituições académicas portuguesas, especializadas em estudos de comunicação e jornalismo. Nesta comunicação, pretende-se apresentar o processo de construção do jogo “Fala Barato”, concebido por um grupo multidisciplinar de professores, investigadores, jornalistas e estudantes de comunicação que fazem parte da Academia. Para este jogo de tabuleiro, cujo objetivo é ser a primeira equipa a completar os objetivos da sua Carta Secreta (sorteio), foram consideradas 4 grandes áreas de perguntas, nomeadamente, Sabias que (informação, conhecimento geral), Ação (auto regulação, rapidez, comunicação), Eu e Tu (empatia, conhecimento do outro, comunicação) e Dentro e Fora da Caixa (espírito crítico, diferentes interpretações/leituras do mundo). Os estudantes finalistas de Audiovisual e Multimédia, da Escola Superior de Comunicação Social/IPL, foram desafiados a apresentar as propostas mais adequadas para o design gráfico de todas as componentes do jogo (nome, caixa, cartas, peças), cujo pitching sublinhou o objetivo de testar o nível de conhecimento informacional e mediático dos jogadores. A experiência envolveu os estudantes de forma colaborativa e individual e também testou a sua competência comunicacional e de auto-regulação, tendo sido, depois, selecionado o melhor trabalho. Se o objetivo da “Academia da leitura do mundo” é estimular o espírito crítico, além de pretender fomentar a capacidade de autorregulação dos jovens na relação com os media e a comunicação, a interatividade competitiva de um processo criativo, ou de um jogo de tabuleiro, poderão funcionar como recursos pedagógicos e educacionais muito úteis nos dias de hoje.
- Mulheres portuguesas que reportam a guerra: perfis, experiências e problemas (1969-2020)Publication . Simões, Ana Catarina; Subtil, Filipa Mónica de Brito GonçalvesAté aos anos de 1980, a presença das mulheres no jornalismo português foi diminuta e o trabalho por elas realizado praticamente invisível. É a partir dessa década que mulheres jovens e com escolaridade ao nível da licenciatura, em particular nas áreas da comunicação e do jornalismo, começam a chegar em massa às redações dos principais meios de comunicação, contribuindo, desde então, para uma reconfiguração de género, etária e de qualificações sem precedentes desta atividade profissional. Todavia, este processo não ocorreu de forma idêntica em todas as áreas do jornalismo. Editorias há que, passados 40 anos, continuam a ter uma composição de género profundamente desequilibrada. A reportagem em zonas de conflito, o fotojornalismo e o jornalismo desportivo são apenas três dos casos onde a presença de mulheres continua a ser residual. Esta realidade não é específica do contexto jornalístico português. Veja-se, a título de exemplo, o caso do fotojornalismo: um inquérito realizado, em 2015, aos concorrentes do prémio da World Press Photo, revelava que 85% dos candidatos eram homens. As razões elencadas para esta exclusão são múltiplas, mas a maior parte aponta para características específicas de homens e mulheres que os tornariam mais ou menos aptos para fazer reportagem em certos contextos e circunstâncias. Analisando o caso específico da reportagem de guerra, o objetivo principal desta comunicação é dar a conhecer o perfil de algumas das poucas mulheres jornalistas portuguesas que, ao longo dos últimos 50 anos, tiveram oportunidade de reportar conflitos bélicos. Através de uma estratégia metodológica de matriz qualitativa, que combinou recolha de informação documental e não documental (entrevistas não diretivas), traçámos o perfil biográfico e profissional de 5 dessas jornalistas. Concluiu-se que todas têm presente a excecionalidade das oportunidades que tiveram; e que, apesar das incompreensões, quer por parte das famílias, mas também das chefias e colegas de profissão, das dificuldades e discriminações de que foram alvo, voltariam a fazer tudo de novo porque consideram que a sua condição de mulheres lhes permitiu oferecer aos leitores/telespectadores outros ângulos de abordagem de realidades tão dramáticas e contraditórias.