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Fazenda Martins, Maria José

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  • Quatro minutos e trinta e três segundos, por exemplo. O tempo cronometrado e a perceção subjetiva da duração em Merce Cunningham
    Publication . Fazenda, Maria José
    O modo como o bailarino sente o tempo e a forma como o coreógrafo reconfigura a experiência subjetiva do tempo são aspetos, associados a outros fatores constitutivos do movimento, como o espaço, através dos quais a dança se refere ao mundo, nas suas várias dimensões — social, cultural, política, ambiental. Partindo desta premissa, sugiro que, na obra de Merce Cunningham (1919-2009), a forma como o movimento é trabalhado no tempo constitui um fator determinante na representação em cena dos ideais de uma sociedade democrática, igualitária. Concomitantemente, não é negligenciável a liberdade percetiva que é concedida ao espectador. Analisando a forma como o coreógrafo concilia uma atitude inflexível relativamente ao tempo de ocorrência de um movimento, o recurso a métodos aleatórios na composição coreográfica e a valorização da sua expressão individual por parte de cada bailarino, e apoiada na distinção que Henri Bergson (1889) estabelece entre o tempo dividido, cronometrado, e a duração, a apreensão subjetiva do tempo, procurarei reforçar a ideia de que o pensamento e a prática de dança que Cunningham preconiza, a partir dos anos 1940, com a cumplicidade do compositor John Cage nos fez ver o mundo de uma forma como até aí não tinha sido representado em cena.
  • Uma intensa presença do corpo: a dança em Portugal no contexto de uma democracia recente
    Publication . Fazenda, Maria José
    A proximidade do Encontro Corpo Presente: Novos discursos sobre o corpo nas artes performativas em Portugal com o quadragésimo aniversário da Revolução dos Cravos e a leitura da nova literatura histórica e sociológica sobre o Estado Novo, recentemente publicada, provocou-nos a vontade de revisitar a narrativa histórica sobre a dança independente em Portugal, designadamente a inscrita em textos de Ribeiro (1991 e 1994) e de Fazenda (1997)1. A distância temporal, entretanto criada, também favorece o refrescamento do olhar. Nos finais dos anos 1980 e início dos anos 1990, a dança em Portugal manifesta-se de forma particularmente viva e diversificada, ao nível das orientações estéticas, linguagens e universos temáticos. Ao rever algumas obras criadas nesta época, questionamo-nos porque é que nelas o corpo se torna tão intensamente presente, através dos gestos, da tensão muscular e da contração, dos movimentos assimétricos e das torções. Refiro-me a obras de Paulo Ribeiro, de Clara Andermatt, de Vera Mantero e de Francisco Camacho. Cada um destes coreógrafos tem uma assinatura e um universo próprios e um trabalho que se vai, ao longo do tempo, transformando, quer artística quer tematicamente. Mas há um elemento que une algumas das suas obras daquele período: a intensa presença do corpo. (...)
  • Interações na cena da dança contemporânea: Duetos, solos e grupos
    Publication . Fazenda, Maria José
    Na dança, criadores e intérpretes estabelecem modelos de interação através dos quais exprimem o modo como se veem a si próprios na sua relação com os outros. Que ideias sobre os corpos feminino e masculino emergem quando uma pessoa dança com outra? Que conceções do “eu” adquirem visibilidade quando um só intérprete se revela em cena? Como se relaciona o indivíduo com o grupo e que valor lhe é atribuído no seu seio? Estas são algumas das questões a que nos propomos responder, reportando-nos à dança contemporânea cujo nascimento situamos, seguindo a historiadora e filósofa Laurence Louppe (2012), no final do século XIX, com a atividade de Isadora Duncan. As intervenções desta bailarina dariam ainda início, no campo da dança contemporânea, ao que a filósofa designa por a grande modernidade. A grande modernidade reporta-se ao grupo dos bailarinos que, desde o final do século XIX-início do século XX, e até aos anos 1960, inventaram, simultaneamente, uma prática e uma teoria de e para a dança. Ao quadro das diferentes poéticas instauradas pelos grandes protagonistas da dança contemporânea, de Isadora Duncan ao Judson Dance Theatre, passando por Mary Wigman, Martha Graham ou Merce Cunningham, entre outros, sobre as quais Louppe incide, permitir-nos-íamos alargar este período aos anos 1970, nele incluindo o contact improvisation cuja invenção é atribuída a Steve Paxton. E onde Louppe encontra uma diversidade de ferramentas e teorias que alteraram a maneira de os artistas verem e refletirem sobre o mundo, propomo-nos, no seu filão, evidenciar que estes artistas incluem também nas suas novas visões do mundo novas formas de se representarem e posicionarem, interagindo, em duetos ou em grupos, na dança e fora dela.
  • As histórias que as pessoas dançam sobre si próprias : as linguagens de Jérôme Bel, Montalvo/Hervieu, Shobana Jeyasingh e Akram Khan
    Publication . Fazenda, Maria José
    Num contexto em que as práticas contemporâneas da dança teatral se complexificam pela articulação de diferentes idiomas de movimento e pela expressão de diferentes experiências socioculturais, proponho-me reforçar a importância do estudo antropológico para a compreensão da dança enquanto forma de cultura. Refiro-me à cultura entendida enquanto padrão de significados que são, simultaneamente, incorporados e postos em ação pelos agentes sociais, contribuindo para a formulação e instauração de valores. Os grandes contributos da antropologia para o estudo da dança são a sua capacidade de atribuir uma inteligibilidade às práticas da dança teatral que passa pelo reconhecimento: 1) da natureza cultural e socialmente construída do movimento humano; 2) e de que a dança é uma forma de ação e significação através da qual os agentes produzem cultura, desenvolvem conhecimento sobre o mundo e fazem comentários sobre as suas próprias experiências. Procuraremos reforçar o nosso argumento convocando obras coreográficas de Jérôme Bel, de Montalvo/Hervieu, de Shobana Jeyasingh e de Akram Khan.
  • Da vida da obra coreográfica
    Publication . Fazenda, Maria José
    Em Da Vida da Obra Coreográfica consideram-se as circunstâncias em que uma obra é criada e os processos que asseguram que ela seja reapresentada em diferentes momentos e lugares, ressurgindo, reinterpretada, também na Companhia Nacional de Bailado, uma instituição portuguesa investida, simultaneamente, da responsabilidade de manter vivas obras do património da dança e de produzir novas criações. Nestas páginas, pondera-se a natureza intangível da dança e consideram-se os mecanismos da sua transmissão; traça-se a história das deslocações e transformações de La Fille mal gardée, o ballet mais antigo mantido em repertório no quadro da dança teatral de tradição europeia; identificam-se as características de La Sylphide e de Giselle, dois dos ballets românticos mais frequentemente remontados internacionalmente, e os traços que partilham com a literatura da época; atenta-se na expressividade dos solos e das composições para grupo em La Bayadère, A Bela Adormecida e O Lago dos Cisnes; analisam-se os símbolos e os valores decretados em O Quebra-Nozes e as novas criações que este ballet suscita, como Quebra Nozes Quebra Nozes; perscruta-se o tema do ritual tratado em A Sagração da Primavera e a forma como é revisitado em iTMOi; sublinham-se as competências técnicas e a abrangência estilística dos bailarinos de uma companhia de repertório e destacam-se obras que eles suscitam, como A Perna Esquerda de Tchaikovski, entre outras.
  • Da reflexão teórica sobre a dança ao trabalho de campo e vice-versa
    Publication . Fazenda, Maria José
    Quando comecei a refletir sobre a dança numa perspetiva antropológica, no início da década de 1980, deparei-me com um duplo problema: na literatura sobre teoria e história da dança ocidental predominavam os preconceitos e eurocentrismo relativamente às danças praticadas em outros contextos socioculturais; na literatura antropológica, área em que o interesse pela dança, sobretudo quando praticada em contextos rituais, era significativa, os estudos sobre a dança teatral de tradição euro-americana eram, neste campo disciplinar, praticamente inexistentes, como mais tarde documentaria (Fazenda, 1998). Terá sido esta constatação que me fez orientar a pesquisa no sentido de avaliar a operacionalidade e o alcance de teorias e conceitos que foram sendo forjados pelas ciências sociais sobre a dança teatral de tradição euro-americana, pela qual me tinha desde sempre interessado e em que tinha feito uma formação como profissional. Comecei, pois, por privilegiar a reflexão teórica em detrimento do trabalho de campo, stricto sensu.
  • A dimensão reflexiva do corpo em ação: Contributos da antropologia para o estudo da dança teatral
    Publication . Fazenda, Maria José
    As metodologias inerentes ao trabalho de campo e a análise e a interpretação das formas de cultura expressiva efetuadas pela antropologia têm dado um contributo decisivo para entender o movimento do corpo como uma forma de conhecimento e o modo como as práticas da dança, simultaneamente, incorporam e expressam as experiências culturais e sociais dos indivíduos e das comunidades humanas (...).