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Abstract(s)
A associação da ciência ao crescimento económico é parte de projetos políticos que a conduzem a um estado de subsunção ao setor privado e à inovação tecnológica orientada para o mercado. Uma das consequências de tal situação é o “hype”, ou seja, a extravagante e exagerada forma como se apresentam os resultados e potencialidades das chamadas “conquistas científicas”, assim como são negligenciados ou mesmo encobertos os riscos e incertezas das tecnologias delas resultantes. Como exemplo, a dependência de empresas privadas que sustêm as publicações de artigos e livros, e com ela os fatores de impacto, impele à hiperbolização das conclusões e do valor dos resultados da investigação realizada. Paralelamente, a pressão para assegurar financiamentos e acesso a recursos para a investigação impele ao hype nos média. Na sua relação com a sociedade, a política e os financiadores, o exagero caracteriza as promessas da ciência sobre o futuro, mediatiza a ciência ‘já feita’, mas verdadeiramente pouco comunica sobre os processos, barreiras, constrangimentos, dificuldades e contradições. A comunicação de ciência não-substantiva alimenta um imaginário que pode ter consequências negativas quando as suas contradições se revelam. Algumas destas consequências são inclusivamente representadas pelo crescente ceticismo face à ciência ou por correntes anti-ciência. Em Portugal o hype na comunicação de ciência tem estado ausente dos debates, mas mesmo internacionalmente são escassos os trabalhos que articulam a comunicação na sua relação com a ‘mercantilização’ ou inclusivamente a propaganda científica (e tecnológica).
Nesta comunicação, examinaremos a hipótese de que o exagero resulta do uso coercivo da comunicação como fator para a competição e como determinante do sucesso e reconhecimento da ciência. Este exame irá levar-nos a discutir conceitos como propaganda, publicidade e marketing de ciência. Falar das origens materiais do exagero implica ainda explicar o “fetichismo da mercadoria” e o “fetichismo tecnológico” (ou ainda o “sublime tecnológico”), por outras palavras, a origem material que permite à comunicação ocultar, a quem a exerce, as reais condições de trabalho e exploração a que estão sujeitos, e a que sujeitam o mundo.
Description
Keywords
Hype Fetichismo da mercadoria Fetichismo tecnológico Propaganda Mediatização da comunicação de ciência
Citation
Castro, I. & Subtil, F. (2023, jan, 26-28). O canto do cisne: O feitiço da mercadoria na comunicação de ciência e tecnologia. Comunicação apresentada no VI Encontro Anual de Economia Política: Dependências, Assimetrias e Territórios. Universidade de Trás-os-Montes, Vila Real, Portugal.
Publisher
Associação Portuguesa de Economia Política
CETRAD - Centro de estudos Transdisciplinares para o Desenvolvimento, da Universidade de Trás-os-Montes
CETRAD - Centro de estudos Transdisciplinares para o Desenvolvimento, da Universidade de Trás-os-Montes