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Barros, JĂșlia Teresa Pinto de Sousa

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  • EstatĂ­sticas e jornalismo em tempo de pandemia
    Publication . Silvestre, ClĂĄudia; Barros, JĂșlia Teresa Pinto de Sousa
    O presente estudo enquadra-se no Ăąmbito de um projecto mais alargado que tem como objectivo perceber como o jornalismo de referĂȘncia em Portugal usou os dados estatĂ­sticos para cobrir o tema Sars-CoV-2, o novo coronavĂ­rus identificado como agente etiolĂłgico da doença pelo coronavĂ­rus 2019 (covid-19). Embora exista investigação sobre como os jornalistas usam a estatĂ­stica nomeadamente grĂĄficos e infografias (por ex. Bauer & Schoon, 1993; Garcia, 2009, de Haan et al. 2017 e Pinto, 2018), em Portugal esses estudos sĂŁo escassos (Pereira, 2015). Nesse sentido, pretendemos ser um contributo para a reflexĂŁo em torno de uma ĂĄrea que vem ganhando espaço nos media e na sociedade em geral. Se de inĂ­cio os nĂșmeros e os grĂĄficos tinham um papel secundĂĄrio e por vezes meramente decorativo e/ou instrumental, actualmente sĂŁo frequentemente protagonistas da notĂ­cia (Sjafiie, Hastjarjo, Muktiyo & Pawito 2018) e considerados excelentes elementos de comunicação rigorosa. O que tem levado ao desenvolvimento de disciplinas na ĂĄrea de comunicação de dados quantitativos como Ă© o caso da infografia, do storytelling ou do jornalismo de dados. Neste estudo iremos analisar os recursos expressivos utilizados nas primeiras pĂĄginas de dois jornais de referĂȘncia portugueses, nos trĂȘs primeiros meses de crise sanitĂĄria, procurando avaliar qual o lugar ocupado, na construção de representaçÔes daquele momento excepcional, pela palavra, o nĂșmero ou a iconografia, nas suas diversas expressĂ”es, sejam fotos, desenhos, grĂĄficos e infografias.
  • Campanha eleitoral em Angola: o que revela sobre a democracia
    Publication . Barros, JĂșlia Teresa Pinto De Sousa; Silvestre, ClĂĄudia
    Pretendemos avaliar a cobertura jornalĂ­stica dos media generalistas portugueses sobre as eleiçÔes gerais em Angola que se realizaram a 23 de agosto de 2017. Sabendo que estas eram eleiçÔes cruciais para o processo de democratização em Angola, o foco da nossa anĂĄlise recaiu principalmente em compreender o interesse e qualidade da cobertura jornalĂ­stica destas eleiçÔes pelos media generalistas portugueses. Esta anĂĄlise abrangeu o perĂ­odo de 1 a 23 de agosto de 2017. Na nossa anĂĄlise, tivemos em conta de alguns factores que condicionam as relaçÔes de Portugal com Angola: o elevado nĂșmero de angolanos que vivem em Portugal; o passado colonial comum; a proximidade linguĂ­stica; a proclamada coincidĂȘncia de interesses estratĂ©gicos presentes nas polĂ­ticas externas dos dois paĂ­ses; e a presença de forte investimento financeiro angolano em Portugal. Por outro lado, a implementação dum regime democrĂĄtico em Angola tem sido um processo longo e problemĂĄtico. Lembremo-nos, por exemplo, do legado de uma prolongada e intermitente guerra civil (1975-2000) e da construção de um sistema polĂ­tico tomado por um partido no poder (MPLA). A comunidade internacional tambĂ©m apontou, entre outros aspectos, algumas fragilidades no regime polĂ­tico angolano, como a corrupção, as violaçÔes dos direitos humanos, as restriçÔes Ă  liberdade de imprensa e de opiniĂŁo e atĂ© mesmo a liberdade de associação. A importĂąncia de analisar a cobertura jornalĂ­stica desta campanha eleitoral angolana sĂł pode ser entendida se considerarmos que estas eleiçÔes foram vistas desde o inĂ­cio como o momento de mudança polĂ­tica. JosĂ© Eduardo dos Santos, presidente da RepĂșblica, desde 1979, deixou o cargo. Desde a reforma institucional de 2010, a eleição do Presidente da RepĂșblica nĂŁo Ă© por sufrĂĄgio direto; Ă© o resultado obtido nas EleiçÔes Gerais que permite indicar o nome da figura para o cargo mais alto do paĂ­s, pelo partido com mais votos para a AssemblĂ©ia Geral. Estas eleiçÔes marcaram assim o fim do ciclo de quase 40 anos de governação de JosĂ© Eduardo dos Santos. Tendo em vista os constrangimentos e desafios presentes nesta campanha eleitoral, procurando as prĂĄticas jornalĂ­sticas dos media portugueses, procurou-se compreender quais as opçÔes editoriais que nortearam os media portugueses durante esta campanha, bem como identificar as representaçÔes criadas pelo jornalismo. Na nossa anĂĄlise serĂŁo, entre outros aspectos, abordadas as seguintes questĂ”es: o gĂ©nero jornalĂ­stico, a existĂȘncia ou nĂŁo de vĂĄrias fontes, o foco da notĂ­cia, a personagem principal, a existĂȘncia de imagens e qual o seu protagonista, o tom da notĂ­cia, o juĂ­zo de valores feito ao desempenho dos candidatos e nĂŁo menos importante a pluralidade de opiniĂ”es e intervenientes nesta campanha.
  • RedaçÔes abertas: fontes informativas e terreno de implantação dos jornais polĂ­ticos
    Publication . Barros, JĂșlia Teresa Pinto De Sousa
    Para quem estuda os jornais polĂ­tico partidĂĄrios, do inĂ­cio do sĂ©culo XX, a vertente informativa assume um carĂĄcter determinante. À semelhança dos artigos de opiniĂŁo e comentĂĄrio a informação contida nos jornais diĂĄrios tambĂ©m permitia distingui-los entre si. Este conteĂșdo informativo deve ser enquadrado por um conjunto de prĂĄticas que assentavam em grande medida em trocas informais operadas nas redes sociais construĂ­das em torno destes jornais. Entre as prĂĄticas do jornalismo deste perĂ­odo contava-se o cultivo desta rede. Denominaremos de redaçÔes abertas as redaçÔes dos jornais polĂ­tico partidĂĄrios. Estas estavam longe de ser estruturas estanques, acolhendo por perĂ­odos muito variĂĄveis contributos externos valiosos. Os jornalistas andavam, na figura do repĂłrter, a sair Ă  rua. Mas a “ rua”, na figura do informador formal ou informal (de diferente categoria social), tambĂ©m frequentava o jornal. A capacidade de um tĂ­tulo diĂĄrio atrair a si visitantes Ă© um barĂłmetro fiĂĄvel da vitalidade de um jornal polĂ­tico, da sua riqueza informativa e capacidade de intervenção polĂ­tica.
  • GĂ©nese da censura salazarista e prĂĄticas jornalĂ­sticas
    Publication . Barros, JĂșlia Teresa Pinto De Sousa
    Quando, em novembro de 1932, Salazar, na entrevista a AntĂłnio Ferro, afirma“ Os catĂłlicos foram absolutamente estranhos Ă  minha entrada no Governo, como tĂȘm sido absolutamente estranhos a todos os meus atos polĂ­ticos” , revela, antes de mais, a necessidade de defender a sua linha de atuação polĂ­tica, jĂĄ em marcha. EstĂĄ por estudar o lugar da censura na luta polĂ­tica da ditadura militar (1926- 1933). No entanto, a censura foi um instrumento polĂ­tico disponĂ­vel, de valor incalculĂĄvel, sem o qual nĂŁo Ă© possĂ­vel entender a afirmação polĂ­tica do sector catĂłlico autoritĂĄrio. À atuação da censura coube reconfigurar, continuamente, o campo dos “ situacionistas”, mas nĂŁo sĂł, a censura constituiu-se como o meio de propaganda mais abrangente e eficaz na edificação do Estado autoritĂĄrio. Uma grande parcela da atividade censĂłria recaĂ­a nĂŁo sobre opiniĂ”es, ou comentĂĄrios, mas sobre a matĂ©ria prima em que se vinha edificando a imprensa escrita e o trabalho jornalĂ­stico: a informação. Tratava-se de uma atividade com implicaçÔes que estavam longe de se limitar Ă  luta polĂ­tica travada entre grupos e individualidades que reclamavam protagonismo no campo polĂ­tico. A atuação da censura implicava toda a sociedade portuguesa condicionando a experiĂȘncia e perceção daquele tempo histĂłrico. No final de 1932, ainda antes da institucionalização do Estado Novo, jĂĄ se desenhava o primeiro esquisso da representação do paĂ­s imaginado pelo autoritarismo catĂłlico conservador. Com base no espĂłlio da Ephemera analiso os primeiros boletins de cortes Ă  imprensa, redigidos semanalmente, pela Direção dos Serviços de Censura, entre março e outubro de 1932. Procuro compreender a crescente afirmação do aparelho de censura, no interior da ditadura militar, e o seu impacto nas prĂĄticas jornalĂ­sticas neste perĂ­odo de prĂ© institucionalização do Estado Novo. No processo de desarticulação do sistema informativo herdado do liberalismo, entĂŁo em curso, destaco a interdição de procedimentos de recolha de informação atual hĂĄ muito estabelecidos nas rotinas diĂĄrias das redacçÔes dos jornais (reportagem, entrevista, registo de depoimentos, de boatos, de notas de correspondentes, etc.).
  • As eleiçÔes de 2016 em Cabo Verde nas notĂ­cias portuguesas
    Publication . Rocha, JoĂŁo Manuel; Lopes, Anabela de Sousa; Silvestre, ClĂĄudia; Barros, JĂșlia Teresa Pinto De Sousa
    Nesta comunicação propĂ”e-se apresentar os resultados de um estudo sobre a cobertura jornalĂ­stica dos media noticiosos portugueses aos trĂȘs atos eleitorais realizados em Cabo Verde em 2016. O estudo procurou, em concreto, caracterizar a cobertura dos jornais PĂșblico, Correio da ManhĂŁ e Expresso; das televisĂ”es RTP, SIC e TVI; e das rĂĄdios TSF, Antena 1 e RĂĄdio Renascença. Procura-se identificar as opçÔes dos jornais, no seu todo, e dos meios audiovisuais, nos principais espaços noticiosos, para tentar perceber o investimento editorial feito e, a partir dos resultados que essas opçÔes revelam, refletir sobre a cobertura jornalĂ­stica de momentos marcantes da vida de um paĂ­s africano de lĂ­ngua portuguesa. A anĂĄlise revela um quase total alheamento noticioso de trĂȘs momentos relevantes da vida de um paĂ­s com uma forte relação histĂłrica, linguĂ­stica e cultural com Portugal, o que obriga a repensar a operacionalidade de fatores de noticiabilidade, ou valores-notĂ­cia, como a proximidade decorrente de um passado e lĂ­ngua comuns ou da existĂȘncia de uma vasta comunidade cabo-verdiana em Portugal. A especificidade do objeto de estudo e a escassa dimensĂŁo do corpus nĂŁo permitem, nem isso se pretendia, colocar hipĂłteses sobre a natureza da cobertura africana dos media portugueses no seu todo, nem sobre o conjunto dos paĂ­ses onde se fala portuguĂȘs, e menos ainda sobre outras opçÔes jornalĂ­sticas concretas – por exemplo o noticiĂĄrio cultural – que nĂŁo a cobertura das eleiçÔes de 2016. No que diz respeito Ă  cobertura de eleiçÔes, os resultados e reflexĂ”es a apresentar devem, num momento posterior, ser confrontados com outros trabalhos sobre a atenção jornalĂ­stica dada pelos media portugueses a atos eleitorais noutros paĂ­ses de lĂ­ngua portuguesa. É esse o propĂłsito do projeto mais vasto em que este estudo se insere: o projeto «RepresentaçÔes de PaĂ­ses LusĂłfonos nos Media Portugueses», que pretende ser um contributo para a compreensĂŁo da cobertura dos media noticiosos portugueses sobre o espaço lusĂłfono. Nessa linha, o cruzamento dos resultados da pesquisa sobre as eleiçÔes de Cabo Verde com a maior atenção dada Ă s eleiçÔes angolanas de 2017, e com atos eleitores de 2018, pode abrir espaço a novas hipĂłteses de pesquisa. Contudo, e ainda que a “invisibilidade” das eleiçÔes cabo-verdianas tenha de considerar a especificidade do paĂ­s no conjunto dos estados africanos de lĂ­ngua portuguesa, bem como da cobertura sobre África feita pelos media internacionais, deste estudo resulta como primeira hipĂłtese de pesquisa a possibilidade de – numa lĂłgica de maior visibilidade de situaçÔes negativas, designadamente guerras ou conflitos polĂ­tico-militares – a limitada presença das eleiçÔes de 2016 nos media noticiosos portugueses estar relacionada com um trajeto do paĂ­s tido internacionalmente como exemplar. O caso de Cabo Verde parece tambĂ©m apontar para a necessidade de questionar o quase-postulado de que paĂ­ses com um passado de relação colonial seriam mais propensos a cobrirem-se jornalisticamente uns aos outros. Desde logo porque a noticiabilidade nĂŁo decorre de um Ășnico fator, como atesta abundante literatura.
  • Alice Vieira
    Publication . Subtil, Filipa MĂłnica de Brito Gonçalves; Piedade, David; Barros, JĂșlia Teresa Pinto De Sousa; Costa, Xavier
    Alice de Jesus Vieira Vassalo Pereira da Fonseca, conhecida por Alice Vieira, é jornalista e escritora. Filha de pais originårios de Lapas, aldeia do concelho de Torres Novas, nasceu a 20 de março de 1943, em Lisboa, tendo aí vivido, desde então. Frequentou o ensino preparatório e secundårio no Liceu D. Filipa de Lencastre, e licenciou-se, anos mais tarde, em Filologia Germùnica pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.
  • Recolhendo memĂłrias: os jornalistas e a revolução de Abril
    Publication . Gomes, Pedro Marques; Figueira, JoĂŁo; Lopes, Anabela de Sousa; Barbosa, Paulo Alexandre Rosa Amorim; Lourenço, Jaime; Centeno, Maria JoĂŁo; Barros, JĂșlia Teresa Pinto De Sousa; Rocha, JoĂŁo Manuel; Mata, Maria J.
    O estudo das prĂĄticas jornalĂ­sticas constitui um terreno fĂ©rtil de reflexĂŁo em torno dos desafios e obstĂĄculos Ă  transição e institucionalização da democracia portuguesa. Procurando contribuir para um melhor conhecimento sobre a profissĂŁo de jornalista naqueles meses de revolução, esta comunicação tem como principal objetivo apresentar os principais resultados de um projeto, em curso na Escola Superior de Comunicação Social do Instituto PolitĂ©cnico de Lisboa (Projeto IPL/2020/JorRev_ESCS), que visou estudar os jornalistas durante a transição para a democracia em Portugal (1974-1976), atravĂ©s da recolha e anĂĄlise de memĂłrias destes profissionais. Assim, apresenta-se uma breve biografia dos entrevistados, uma sĂ­ntese das principais temĂĄticas abordadas, bem como aspetos com maior visibilidade ou ausentes das entrevistas, procurando relacionar os testemunhos recolhidos em função do gĂ©nero do entrevistado, a sua experiĂȘncia profissional, tipo de ĂłrgĂŁo de informação para o qual trabalhou, entre outras categorias de anĂĄlise. Simultaneamente, pretende-se discutir e problematizar a recolha de testemunhos orais, o seu contributo enquanto fonte para a HistĂłria dos jornalistas e do jornalismo, assim como a sua disponibilização pĂșblica enquanto trabalho cĂ­vico de preservação da memĂłria de uma profissĂŁo fundamental do mundo contemporĂąneo.
  • EstatĂ­sticas e jornalismo em tempo de pandemia
    Publication . Silvestre, ClĂĄudia; Barros, JĂșlia Teresa Pinto De Sousa
    O uso de estatĂ­sticas nos meios de comunicação social atravĂ©s de grĂĄficos, tabelas, infografias Ă© uma prĂĄtica cada vez mais comum. Devido Ă  sua capacidade de captar a atenção e facilidade em comunicar a informação, o recurso a representaçÔes de dados estatĂ­sticos tem sido usado para dar credibilidade a propagandas, argumentos, conselhos ou descrever fenĂłmenos relativos ao desenvolvimento da sociedade (Gal, 2002; SuĆĄec et al, 2014). A presença de informação estatĂ­stica nos media em geral e em Portugal, em particular, tornou-se ainda mais evidente nesta Ă©poca de pandemia. Tendo como ponto de partida que o jornalista e o estatĂ­stico tĂȘm culturas e objetivos diferentes, assumindo, ainda, que a cobertura jornalĂ­stica de um tema que envolva estatĂ­sticas, nĂŁo tem como propĂłsito educar o pĂșblico “traduzindo” conceitos cientĂ­ficos mais complexos, mas sim mediatizar essa informação (SchĂ€fer, 2011), procuraremos saber como o jornalismo de referĂȘncia cobriu o tema COVID-19, dando especial destaque Ă  informação visual. Sabendo que, da recolha de dados atĂ© Ă  publicação da notĂ­cia decorre algum tempo que permite contextualizar os dados, realizar uma anĂĄlise mais cuidada e confrontar vĂĄrias fontes. Mas durante este perĂ­odo pandĂ©mico nĂŁo tem havido essa oportunidade uma vez que os dados sobre a pandemia estĂŁo a ser constantemente atualizados, as opiniĂ”es multiplicam-se e muitas vezes as informaçÔes sĂŁo contraditĂłrias. Consequentemente nĂŁo tem havido tempo nem informação confiĂĄvel para se fazer uma anĂĄlise cuidada. Na Ășltima dĂ©cada o jornalismo de dados ou jornalismo orientado por dados (data-driven journalism) tornou-se uma ĂĄrea emergente na impressa internacional. Contudo, em Portugal praticamente nenhuma redação se dedica a essa ĂĄrea visto que a produção desse tipo de peças Ă© mais demorada e exige profissionais com diferentes valĂȘncias: jornalismo, investigação, estatĂ­stica, design e programação. Como causas para esta ĂĄrea do jornalismo nĂŁo estar tĂŁo desenvolvida destaca-se a constante crise pela qual o setor tem passado que tem levado Ă  redução de custos, em particular, na contratação de profissionais, bem como a falta de disciplinas que capacitem os alunos de licenciatura da ĂĄrea da comunicação social para a prĂĄtica desta atividade (Alexandre, 2020). Apesar destes constrangimentos no final do sĂ©culo XX a visualização de dados, em particular o uso de infografias, começou a ser uma presença constante nos media portugueses. E no inĂ­cio deste sĂ©culo deu-se a consolidação da infografia digital (Pinto 2018). No campo especĂ­fico da infografia, Portugal tem produzido um trabalho de qualidade. Prova disso sĂŁo as distinçÔes recebidas a nĂ­vel mundial nomeadamente no concurso mundial de infografias organizado pela Society for News Design – Malofiej. Embora exista alguma investigação sobre como a comunicação social usa a informação visual, nomeadamente grĂĄficos e infografias (por ex. Bauer & Schoon, 1993; Garcia, 2009, de Haan et al. 2017 e Pinto, 2018), sĂŁo escassos os trabalhos acadĂ©micos que se debruçam sobre a utilização da estatĂ­stica (Pereira, 2015). Sobre os media portugueses encontramos trabalhos que abordam o jornalismo de dados ou a comunicação de ciĂȘncia (Azevedo, 2007; Fonseca, 2012; Martinho, 2013; Pereira et al., 2016; Moura, 2018 e Alexandre, 2019) que sĂŁo excelentes contributos para esta investigação. No entanto, escasseiam abordagens sobre o recurso a este conteĂșdo noticioso em tempo de crise. Neste trabalho, centrado apenas no jornalismo impresso portuguĂȘs, avaliaremos o uso da informação estatĂ­stica, quais as representaçÔes grĂĄficas escolhidas e quais os temas jornalĂ­sticos que se servem deste recurso noticioso. TambĂ©m serĂĄ feito um estudo das infografias avaliando a sua eficiĂȘncia como meio de transmissĂŁo de informação. Em Ășltima anĂĄlise procuraremos reflectir sobre a cobertura jornalĂ­stica da actual pandemia e a forma como a estatĂ­stica tem vindo a servir de base Ă s notĂ­cias e Ă  sua (des)contextualização.
  • O Povo como sujeito polĂ­tico
    Publication . Barros, JĂșlia Teresa Pinto De Sousa
    Os apelos ao “bom povo republicano”, a retĂłrica anti-oligĂĄrquica, a idolatria aos chefes e, sobretudo, a demagogia, tĂȘm sido apontados como traços que denunciam um viĂ©s populista do Partido Republicano PortuguĂȘs. E tem sido grande o realce dado Ă  manipulação popular levada a efeito por lideres carismĂĄticos, capazes de conduzir ao engano, como por magia, o povo ingĂ©nuo. PorĂ©m, a indefinição teĂłrica e metodolĂłgica em torno do conceito de populismo, bem como a subrepresentação do movimento em deterimento do partido, nĂŁo tĂȘm contribuĂ­do para a compreensĂŁo do republicanismo portuguĂȘs. Na viragem do sĂ©cullo XIX para o sĂ©culo XX a defesa da democracia decorria em vĂĄrios terrenos de luta, num deles pugnava-se pela imposição de um princĂ­pio polĂ­tico, a ideia-força de igualdade polĂ­tica. No movimento republicano, o sector republicano radical utilizou formas de comunicação polĂ­tica que procuraram impor um novo Ăąmbito Ă  atividade polĂ­tica, mais alargado, inclusivo e participado. NĂŁo foi isento de contradiçÔes e ambiguidades o uso pelos republicanos do sujeito polĂ­tico que nomearam, o povo. Procurarei olhar imprensa diĂĄria como elemento da experiĂȘncia quotidiana do polĂ­tico, valorizando o seu papel na construção de sentido e na definição de estratĂ©gias polĂ­ticas.
  • EleiçÔes de Cabo Verde: da Lusa Ă s redacçÔes
    Publication . Rocha, JoĂŁo Manuel; Barros, JĂșlia Teresa Pinto De Sousa
    No Ăąmbito de um projeto de investigação mais vasto designado «RepresentaçÔes de PaĂ­ses LusĂłfonos nos Media Portugueses», que partiu da anĂĄlise da cobertura jornalĂ­stica das eleiçÔes legislativas, autĂĄrquicas e presidenciais de 2016 efetuada por nove media noticiosos portugueses constatĂĄmos a sua enorme dependĂȘncia em relação Ă  AgĂȘncia Lusa. O elevado nĂșmero de cabo-verdianos residentes em Portugal, o passado colonial comum, a proclamada coincidĂȘncia de interesses estratĂ©gicos presentes nas polĂ­ticas externas dos dois paĂ­ses, e, ainda, a proximidade linguĂ­stica fariam supor que o noticiĂĄrio sobre aqueles paĂ­ses ocupasse lugar de relevo nos media portugueses e se destacasse entre as notĂ­cias do estrangeiro. Mas, aquela primeira abordagem parece indicar que – apesar dos valores jornalĂ­sticos identificados como determinantes para as escolhas das notĂ­cias, designadamente a proximidade – aquele tipo de noticiĂĄrio nĂŁo merece investimento nem destaque noticioso relevante. Neste contexto, de um quase total alheamento noticioso de trĂȘs momentos relevantes da vida polĂ­tica de Cabo Verde – as eleiçÔes legislativas de março, as autĂĄrquicas de setembro e as presidenciais de outubro -, consideramos pertinente analisar a produção noticiosa da Lusa sobre aqueles atos eleitorais, as opçÔes dos OCS e a utilização que estes fizeram desse noticiĂĄrio, procurando uma leitura mais aprofundada sobre os mecanismos de agendamento e produção jornalĂ­sticos. A anĂĄlise que nos propomos fazer apurarĂĄ o nĂșmero de notĂ­cias produzido e utilizado, privilegiando, contudo, uma anĂĄlise que tente identificar as abordagens jornalĂ­sticas e os temas mais valorizados pelos ĂłrgĂŁos de comunicação social. Esta aproximação permitirĂĄ caracterizar a linha editorial da Lusa – que tem entre os seus objetivos a cobertura informativa dos paĂ­ses de LĂ­ngua Oficial Portuguesa –, bem como as dos media noticiosos considerados neste estudo: jornais PĂșblico, Correio da ManhĂŁ e Expresso; televisĂ”es RTP, SIC e TVI; e rĂĄdios TSF, Antena 1 e RĂĄdio Renascença. PossibilitarĂĄ tambĂ©m fazer um confronto entre a produção da agĂȘncia e as peças jornalĂ­sticas publicadas pelos ĂłrgĂŁos de comunicação social. Em concreto, pretendemos saber, com base na recolha e tratamento e material de arquivo da Lusa: (i) que opçÔes editoriais orientaram a cobertura da Lusa e o que revelam sobre a cobertura eleitoral que a agĂȘncia fez deste paĂ­s africano de lĂ­ngua portuguesa?; (ii) que diferenças houve, se as houve, no investimento eleitoral nas trĂȘs eleiçÔes (iii) que representaçÔes transmitem a agĂȘncia e os ĂłrgĂŁos de comunicação social portugueses de Cabo Verde, dos candidatos e do sistema polĂ­tico. O trabalho que nos propomos apresentar Ă© um contributo para a compreensĂŁo das prĂĄticas jornalĂ­sticas dos media portugueses relativas ao espaço lusĂłfono. Procuraremos tambĂ©m perceber o que essa produção noticiosa revela e ignora e propor hipĂłteses de interpretação sobre escolhas e exclusĂ”es. A que se deverĂĄ a limitada atenção dada a Cabo Verde?; o paĂ­s estarĂĄ sofrerĂĄ menor atenção mediĂĄtica pelo seu carĂĄcter polĂ­tico exemplar internacionalmente reconhecido? As escolhas editoriais revelam ou nĂŁo um distanciamento dos responsĂĄveis editoriais face Ă  comunidade cabo-verdiana residente em Portugal? Cabo Verde nĂŁo encaixa no estereĂłtipo do paĂ­s pobre e em guerra que frequentemente alimenta o noticiĂĄrio sobre África?