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Advisor(s)
Abstract(s)
A reflexão sobre o ensino do jornalismo assenta, frequentemente, na análise dos planos curriculares
dos cursos e na auscultação dos agentes envolvidos no processo ensino-aprendizagem. Terá menor
expressividade o trabalho que resulta de uma inquirição sobre o olhar dos futuros jornalistas
relativamente à atividade profissional para a qual a academia, com os seus cursos de
comunicação/jornalismo, os prepara.
Com o objetivo de conhecer as perceções dos estudantes sobre a sua futura profissão, realizámos
um inquérito por questionário a estudantes da licenciatura e do mestrado na área da comunicação
social/ jornalismo, de 11 instituições portuguesas de ensino superior. O questionário focou-se nos
seguintes pontos: (1) no diagnóstico da profissão, nomeadamente nos valores e nas práticas
associados ao jornalismo e na relevância social da profissão; (2) nas intenções - como os estudantes
projetam a sua intervenção no espaço público como futuros jornalistas; (3) e nas expectativas
quanto ao futuro.
O estudo realizado permitiu traçar algumas linhas importantes sobre a perceção que os estudantes
têm do jornalismo - uma atividade em que se observam mudanças rápidas, muitas delas
responsáveis por uma nova ecologia mediática, que vieram condicionar algumas das boas práticas
da profissão. É neste contexto que a desinformação surge como epíteto de um jornalismo em perigo,
cuja credibilidade tem enfraquecido, destacam os estudantes inquiridos. Estes futuros profissionais
de comunicação também têm dúvidas quanto ao papel que os jornalistas poderão ter para mudar
este cenário. Contudo, apesar desta leitura negativa da profissão, reconhecem a importância do
jornalismo na sociedade, por considerar que este é um pilar da democracia. Para eles, os jornalistas
devem vigiar e ajudar a escrutinar os diferentes poderes da sociedade. Quanto às práticas
profissionais, a tecnologia surge como fator que pode potenciar a aproximação dos jornalistas aos
seus públicos, nomeadamente na criação de fóruns de discussão.
É curioso notar que aqueles que já se encontram no mercado de trabalho tendem a manifestar uma
perceção menos negativa do que aqueles que não tiveram nenhuma experiência profissional
enquanto jornalistas. Também se observam diferenças entre os alunos que estão a ter formação em
jornalismo e os que frequentam outros cursos na área da comunicação, sendo que os primeiros têm
opiniões mais extremadas, ou seja, apresentam uma maior tendência para concordar ou discordar
totalmente. Ademais, consideram que os jornalistas produzem conteúdos diferentes dos de outros
profissionais da comunicação. Em geral, estes estudantes de jornalismo estão mais conscientes do
decréscimo de investimento no jornalismo de investigação e são os que mais concordam com a
ideia de que o jornalismo será fundamental para a sobrevivência da democracia.
As respostas obtidas denotam um certo desencontro entre as perceções sobre o jornalismo praticado
atualmente e as expectativas sobre a profissão, o que nos levou a refletir sobre o papel das
instituições de ensino, que se afiguram mais como promotoras de um olhar fortemente crítico sobre
a atividade jornalística, do que impulsionadoras de atitudes proativas na busca de respostas aos
vários desafios identificados pelos estudantes. Para além da apresentação do estudo, discutiremos as
linhas orientadoras de uma nova investigação com vista a captar as perceções dos estudantes
relativamente ao papel da academia na sua formação.
Description
Keywords
Jornalismo Estudantes Academia Perceções Profissão
Citation
Lopes, A.S., Silvestre, C., & Mata, M.J. (2022). A construção do olhar sobre o jornalismo – a academia e os estudantes. In D. Caldevilla Domínguez (ed.), Libro de actas del Congreso CUICIID 2022, (p. 1147). Fórum XXI.