Name: | Description: | Size: | Format: | |
---|---|---|---|---|
126.06 KB | Adobe PDF | |||
47.95 KB | Adobe PDF |
Authors
Advisor(s)
Abstract(s)
No nosso quotidiano, e também quando propomos as matérias a serem lecionadas, deixamo-nos muitas vezes levar por questões de economia discursiva com generalizações nem sempre bem conseguidas. Neste artigo usaremos a definição estrita e clássica de “protocolo” como o conjunto de leis, normas e regras oficiais. O protocolo como o que rege as relações institucionais e que, por definição, é da ordem do normativo e do legal. Nas aulas falamos de todo um conjunto de “produtos” do protocolo como a ordem de precedências, as fórmulas de tratamento, a colocação de lugares ou os planos de mesa, o código de vestuário, o tapete vermelho, os hinos e as bandeiras, pavilhões, escudos, ou outros símbolos, bem como sobre as honras militares. Distinguimo-lo do que se deixa subsumir sob a noção de “etiqueta”, isto é, as regras de cortesia em eventos de entidades públicas ou privadas e claro, muito relevante também nos cursos de comunicação, as regras em contextos laborais. A etiqueta é o formalismo das relações entre particulares, os comportamentos a ter em sociedade interditando alguns comportamentos, privilegiando outros. Se é mais ou menos claro o que é do domínio da norma, o que é do domínio do protocolo, aquele conjunto de regras que quando não aceites levam a que os meios de comunicação social falem em “saltar” ou “romper” o protocolo e que podem levar a crises institucionais, o mesmo já não se pode dizer do conceito de “etiqueta”. Quando falamos em etiqueta parece que estamos em conflito com tudo aquilo em que a sociedade atual acredita, e que para usar uma expressão cara a Lipovetsky (2021), poderíamos designar como o “mito da autenticidade”. Em Le sacre de l’authenticité (2021) o autor faz eco de muitas das críticas, contrariedades e recusas da actual geração em aceitar os temas acima especificados em nome e, mais uma vez, nas palavras de Lipovetsky, da fidelidade a si próprios. Foi precisamente a partir destas questões mas também de diversas leituras que não só traçam uma memória histórica sobre as questões de “protocolo” e “etiqueta” (Seguin, 1992) como nos levam a repensar a forma de ensinar estas questões - quando mantemos como princípio e objetivo da missão da universidade o desenvolvimento do pensamento crítico e a formação dos nossos estudantes como cidadãos - que se redigiram as notas a ser apresentadas. A reflexão centrar-se-á na noção de tolerância e muito em especial sobre o conceito de “racionalidade tolerante” como uma forma de repensar o que é fundamental discutir quando pensamos em temas como os do “protocolo” e da “etiqueta". Em Um fio de nada: ensaio sobre a tolerância, Diogo Pires Aurélio (1997, 2010) afirma a importância deste conceito, dizendo mesmo que em nada perdeu actualidade, isto em 2010 aquando da edição no Brasil da obra, 13 anos depois do seu lançamento em Portugal. Com a mesma propriedade diremos nós, hoje, que a pertinência deste conceito precisa ser partilhada nas nossas aulas e em especial nos contextos de leccionação de formas de civilidade e urbanidade em cursos, e em universidades, onde o cruzamento de indivíduos e comunidades se tornaram correntes. Mas também como uma forma de reforçar o papel da universidade na formação de cidadãos e na prossecução de caminhos que permitam o reconhecimento do outro. De acordo com o autor “(...)aquilo a que poderíamos chamar a razão tolerante fundamentar-se-á (...) no reconhecimento do outro como pura alteridade.” (Aurélio, 2010, 143).
Description
Keywords
Protocolo Comunicação Tolerância Razão tolerante
Citation
Eiró-Gomes, M. (2025, mai, 28-31). Razão tolerante: Algumas notas a partir do ensino do módulo de protocolo. Comunicação apresentada no “XIV Encontro Hispano-Luso de Protocolo Universitário / XXII Encontro de Responsáveis de Protocolo e Relações Institucionais das Universidades Espanholas”, Escola de Economia, Gestão e Ciência Política (EEG) da Universidade do Minho, Braga, Portugal.