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Advisor(s)
Abstract(s)
Os contributos para pensar a comunicação, os media e a cultura de Harold A. Innis e
Marshall McLuhan foram durante muitas décadas ou praticamente esquecidos ou
ignorados, no caso de Innis, ou olhados com desconfiança ou fascínio, no caso de
McLuhan, no seio do que se designa hoje por ciências da comunicação. Nos últimos
anos, essa situação alterou-se significativamente e hoje Innis desperta um enorme
interesse na teoria da comunicação e na economia política dos media.
Estes dois autores canadianos, o primeiro escrevendo entre os anos 20 e 40 do século
XX e o segundo a partir dos anos 50 e até ao final da década de 70, centraram a sua
atenção nas formas/suportes técnicos através dos quais comunicamos e como esses
dispositivos produzem efeitos a longo prazo na sociedade, na cultura, na política e na
ordem do sensorium humano. Como se está já a ver, ao contrário das tradições
mainstream norte-americanas do mesmo período, centradas na análises quantitativas de
curto-médio prazo dos efeitos e usos dos contéudos das mensagens, Innis e McLuhan,
optaram por formas ensaísticas, de história das civilizações, mobilizando recursos da
cultura, da literatura, da economia e da tecnologia, que privilegiam a reflexão de longo
prazo (mudanças na ordem social e no sensorium operadas à escala histórica,
civilizacional). Embora esta perspectiva de largo alcance temporal tenha tido diversos
cultores durante o século XIX e XX, como são exemplos Auguste Comte, Karl Marx,
Arnold Toynbee, Oswald Spengler, entre outros, nos estudos de comunicação, ela tinha
muito pouca tradição.
O impacto destes teóricos radica na introdução na investigação em comunicação e media
de uma problemática que durante muito tempo se encontrou ausente da quer na Europa,
quer na América do Norte (particularmente nos EUA) que é a relação entre os modos
(meios, técnicas) de comunicação e a sociedade. O seu maior contributo para os estudos
sociológicos da comunicação foi chamar a atenção para os efeitos a longo prazo das
formas técnicas de comunicação na sociedade e na cultura. Pela primeira vez, se
questionou a dimensão técnica da comunicação. Ou seja, exploraram a ideia de que as
técnicas de comunicação são responsáveis pela configuração das sociedades e da
cultura; que os processos de comunicação e as instituições a eles associadas têm efeitos
penetrantes na natureza das sociedades e no curso da sua história, erguendo novas
constelações culturais; mudam os meios/os suportes técnicos através dos quais
comunicamos, muda a cultura, muda a sociedade. Defendem que a história da
comunicação é uma das grandes chave da historia universal, o que os faz ler a história
universal à luz da história da comunicação. Há quem afirme que exploram uma certa
determinação comunicacional da sociedade (perspectiva que já se encontrava presente
nos economistas políticos alemães e nos primeiros sociólogos americanos, como Albion
Small, William Sumner e Edward Ross, entre outros), segundo a qual a sociedade é um
organismo, mas muito mais complexo do que propunha Herbert Spencer, um organismo
com formas de consciência forjadas através da comunicação.
Eu diria que isto é basicamente aquilo que une estes dois autores, tudo o resto tende a
afastá-los como vou tentar mostrar de seguida.
Description
Keywords
Teoria da comunicação Media Cultura McLuhan, Marshall (1911-1980) Innis, Harold Adams (1894-1952)
Citation
Subtil, Filipa - ‘O meio é a mensagem’, de Harold A. Innis a Marshall McLuhan. In SEMINÁRIO PENSAMENTO CRÍTICO CONTEMPORÂNEO: Pop, Crítica e Política, Lisboa, Faculdade de Belas Artes, Universidade Lisboa, 25 Maio 2013.