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Abstract(s)
Devido às alterações climáticas, especificamente com o aquecimento global, com a temperatura média global a atingir cerca de 1ºC acima dos níveis pré-industriais entre os anos de 2015 e 2018, a tendência futura é que sejam adotadas boas a práticas na utilização de águas residuais tratadas na agricultura, indústria, e no sector urbano, com particular ênfase em regiões áridas e sub-áridas. No contexto europeu, os países do Sul do Mediterrâneo são os que apresentam maiores vulnerabilidades, e cujos custos face à inação assumem uma expressão significativa. O Decreto-Lei n.º 119/2019, de 21 de agosto, estabelece o regime jurídico de produção de água para reutilização, obtida a partir do tratamento de águas residuais, bem como da sua utilização. A Resolução do Conselho de Ministros n.º 130/2019 aprova o Programa de Ação para a Adaptação às Alterações Climáticas. O regulamento aprovado a 13 de maio de 2020 pelo Parlamento Europeu estabelece requisitos mínimos para a reutilização das águas residuais urbanas tratadas, visando garantir um abastecimento alternativo de água. Estes requisitos dizem respeito sobretudo à qualidade da água e à respetiva monitorização e alguns Estados-Membros, como Portugal, preveem requisitos aplicáveis à reutilização da água na legislação ou em normas nacionais não regulamentares. Embora contaminantes químicos possam estar presentes em baixas concentrações no ambiente, Valores Limite de Emissão (VLE), os seus efeitos podem ser exacerbados pela presença de outras substâncias químicas, atuando como uma mistura química, o que corresponde na realidade à maioria dos cenários de exposição humana. No caso específico das águas residuais, estudos reportaram a presença de biocidas, pesticidas, produtos de dermocosmética, incluindo filtros UV; farmacêuticos, detergentes, entre muitos outros, que constituem uma mistura de micropoluentes com concentrações que variam entre ng/L e μg/L. Enquanto componentes individuais, todas estas substâncias apresentam toxicidade para os humanos. Uma vez que existe um gap entre a avaliação de risco de misturas químicas, uma proposta interessante seria a implementação de um método combinado de análise química das águas e estudo dos potenciais efeitos, através da exposição in vitro aos extratos isolados de diferentes águas residuais em cultura celular. Através deste estudo, poderão ser estudados, a nível de mistura química, o potencial dano genético, efeitos na imunomodulação, inflamação e vários outros biomarcadores. Mesmo que em Portugal essas práticas não sejam comummente adotadas e que valores máximos de substâncias químicas sejam determinados, os efeitos de uma mistura são expectáveis de exceder os efeitos das substâncias individuais, através de reações toxicológicas como adição, potenciação e sinergia. Além do mais, através do fenómeno da globalização, a oferta desses géneros
alimentícios nos mercados nacionais será uma realidade, fazendo com que os alimentos sejam vias de exposição a essas substâncias através da cadeia alimentar. Esta proposta de estudo apresenta potencial face aos desafios futuros das alterações climáticas com consequente reutilização de águas residuais tratadas para fins agrícolas e recreacionais.
Description
Keywords
Águas residuais Reutilização de águas Toxicidade Saúde pública IPL/2021/PLASCOGEN_ESTeSL
Citation
Cabêda J, Ladeira C. Preocupações acerca da reutilização de águas residuais: efeitos das misturas de substâncias químicas na saúde humana. In: Conferência sobre Ambientes Urbanos e Saúde Humana em Lisboa, Laboratório Nacional de Engenharia Civil (Lisboa), 26 de setembro de 2023.
Publisher
Instituto de Saúde Ambiental, Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa