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Comunicação e desafios da globalização: o cidadão entre o Estado de vigilância e o mercado global

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O desenvolvimento de novos processos comunicacionais, tanto na dimensão tecnológica como na dimensão de interação social, tem suscitado o debate sobre as suas consequências, discutindo-se frequentemente as alterações na forma de organização e funcionamento da sociedade. É argumentado, nesta comunicação, que os indivíduos nas sociedades tecnológicas avançadas com modelos de Estado-providência se encontram perante uma situação ambivalente, quando considerado o seu duplo papel de cidadãos e, simultaneamente, de agentes no mercado de trabalho. Enquanto cidadãos, encontram-se confrontados com a capacidade crescente do Estado para colocar em prática mecanismos de controlo e vigilância, na sua relação com a administração pública e, mesmo, na sua vida quotidiana. Os cidadãos encontram-se crescentemente controlados por um Estado forte. Este Estado forte recolhe, processa e utiliza informação relativa à vida e à atividade dos cidadãos, abrangendo um número cada vez mais alargado de áreas e de formas de vigilância e controlo. Por outro lado, como trabalhadores, os indivíduos encontram-se perante um Estado cada vez mais fraco. Este Estado é fraco na medida em que não dispõe de instrumentos que lhe permitam lidar com a globalização do capital e da produção, mantendo, ao mesmo tempo, os níveis anteriormente existentes de proteção social. Uma vez que o Estado perde capacidade de controlar os fluxos de capital e de condicionar as decisões sobre a localização da produção, a sua actividade concentra-se numa lógica de concorrência, em que persegue o objectivo de se valorizar no mercado internacional, de forma a atrair investimento e atividades económicas que se fixem no seu território. O Estado revela dificuldades evidentes, neste contexto, de controlar e limitar os agentes económicos globalizados com o mesmo sucesso com que controla os cidadãos. Enquanto a capacidade de intervenção do Estado é, no domínio económico, crescentemente limitada, ela surge, no que respeita ao controlo e à vigilância dos cidadãos, como cada vez mais alargada. Este processo coloca em risco garantias históricas do Estado-providência, como o alto nível de emprego e de proteção social, o emprego estável ou o crescimento de salários reais. A dupla natureza, contraditória, que o Estado assume situa-se, desta forma, no centro de uma tensão crescente (eventualmente nova?), na relação entre os cidadãos e o Estado. Este processo lança novos desafios, aqui considerados, na gestão das expectativas e da comunicação, entre o Estado e os indivíduos, e da capacidade de intervenção e de influência assumido por estes.

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Keywords

Globalização Sociedade de Informação Cidadania Estado Estado-providência

Citation

Montargil, F. (2013, out, 17-19). Comunicação e desafios da globalização: o cidadão entre o Estado de vigilância e o mercado global. Comunicação apresentada no VIII Congresso da SOPCOM: Comunicação global, cultura e tecnologia. Escola Superior de Comunicação Social, Lisboa, Portugal

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Associação Portuguesa de Ciências da Comunicação - SOPCOM