Name: | Description: | Size: | Format: | |
---|---|---|---|---|
2.95 MB | Adobe PDF |
Advisor(s)
Abstract(s)
Introdução - Os Potenciais Evocados Somatossensitivos (PESS) são um teste neurofisiológico e a sua principal utilidade clínica, em contexto de Paragem Cardiorrespiratória (PCR), consiste no poder de prognóstico para um indivíduo acordar de um coma. A ausência de respostas corticais, nomeadamente do potencial N20 nos PESS do nervo mediano, sugerem uma lesão das projeções tálamo-corticais e têm sido correlacionadas com desfechos desfavoráveis. A determinação deste desfecho é de extrema importância, visto que uma das causas de morte entre os sobreviventes de PCR é a limitação ou retirada das medidas de suporte vital, devido à antecipação de um mau prognóstico neurológico. Desenvolvimento - A PCR consiste na “cessação de atividade mecânica cardíaca, que se confirma pela ausência de sinais de circulação”, podendo ocorrer em contexto intra ou extrahospitalar. É imperativo atuar de imediato em vítimas de PCR e, de forma a melhorar a eficácia do socorro, recorre-se a uma sequência de atitudes essenciais, conhecida como cadeia de sobrevivência. Após a PCR, é necessária a implementação de cuidados pós-reanimação, que visam melhorar a taxa de sobrevivência da vítima e assegurar o funcionamento íntegro dos órgãos, principalmente o coração e cérebro. Assim, é fundamental determinar o desfecho neurológico, visando otimizar o tratamento e perceber que pacientes beneficiarão do prolongamento de medidas de suporte vital, bem como aumentar a probabilidade de uma recuperação neurológica significativa. É recomendada uma abordagem multimodal, na qual se englobam os PESS. Na realização dos PESS com estimulação do nervo mediano, a onda N20 é o principal potencial cortical gerado pelo córtex somatossensitivo primário, sendo que a sua ausência poderá refletir uma lesão da projeção tálamo-cortical, que poderá impedir o despertar do coma. Assim, quando os PESS são realizados 24h após retorno da circulação espontânea (RCE), a ausência bilateral da onda N20 é preditora de um mau desfecho neurológico. Contudo, a ausência desta onda só tem significado clínico se estiver associada à preservação dos potenciais periféricos. Apesar do seu elevado valor preditivo de mau desfecho neurológico, o papel dos PESS de curta-latência enquanto preditor de bom prognóstico é falível e cerca de metade dos pacientes que apresentam uma N20 preservada bilateralmente mantêm um mau desfecho neurológico. Os PESS devem ser realizados a todos os doentes em coma ≥72h após RCE com Glasgow Motor Score ≤3 e sem a presença de fatores de confusão. Conclusão - Apesar das suas limitações, os PESS de curta latência têm um valor preditivo importante após PCR e o valor dos Potenciais Evocados enquanto preditores para avaliação prognóstica tem sido cada vez mais estudado. O seu papel apresenta um
futuro promissor na determinação do desfecho neurológico dos pacientes comatosos.
Description
Keywords
Cardiac arrest Post cardiac arrest syndrome Short latency somatosensory evoked potentials N20 wave Poor neurological outcome Multimodal prognostication
Citation
Fernandes AL, Carneiro C, Santos M, Viegas A, Cruz C, Oliveira DD. Potenciais evocados somatossensitivos de curta latência: valor preditivo após paragem cardiorrespiratória. In: XVI Seminário Temático em Fisiologia Clínica, ESTeSL, 2 de fevereiro de 2023.