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- Ser qualquer coisa de intermédioPublication . Soares, Ana Bárbara Ramos; Malva, Filipa; Rosa, Armando NascimentoDurante o período do Estado Novo Português, várias foram as pessoas que, conscientemente, mergulharam na clandestinidade, apresentando-se ao mundo debaixo de uma camada de ficção, mais ou menos diluída, que precisavam manter credível sob perigo de vida. “Eu não sou eu nem sou o outro. Sou qualquer coisa de intermédio”, tal como no poema de Mário de Sá Carneiro, tal como o ator, esse lugar de performatividade faz também parte da existência clandestina. O teatro, na sua génese, é, segundo Erika Fischer-Lichte, uma combinação de dois planos: o da representação e o da realidade, que coexistem sempre em tensão durante o ato teatral. Esta tensão é a responsável por vermos, não ao mesmo tempo mas intercaladamente, o ator e o personagem em cena. Amor e Formigas é um espetáculo estreado em Setembro de 2024, em formato site-specific, fruto de uma investigação sobre os casais que viveram clandestinamente durante a ditadura portuguesa. Este relatório reflete sobre as estratégias encontradas pelos criadores na procura de adensar a tensão realidade-ficção durante a construção do espetáculo.