Browsing by Author "Oliveira, Daniel Dias"
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- Potenciais evocados somatossensitivos de curta latência: valor preditivo após paragem cardiorrespiratóriaPublication . Fernandes, Ana Leonor; Carneiro, Carolina; Santos, Margarida; Viegas, Ana; Cruz, Cláudia; Oliveira, Daniel DiasIntrodução - Os Potenciais Evocados Somatossensitivos (PESS) são um teste neurofisiológico e a sua principal utilidade clínica, em contexto de Paragem Cardiorrespiratória (PCR), consiste no poder de prognóstico para um indivíduo acordar de um coma. A ausência de respostas corticais, nomeadamente do potencial N20 nos PESS do nervo mediano, sugerem uma lesão das projeções tálamo-corticais e têm sido correlacionadas com desfechos desfavoráveis. A determinação deste desfecho é de extrema importância, visto que uma das causas de morte entre os sobreviventes de PCR é a limitação ou retirada das medidas de suporte vital, devido à antecipação de um mau prognóstico neurológico. Desenvolvimento - A PCR consiste na “cessação de atividade mecânica cardíaca, que se confirma pela ausência de sinais de circulação”, podendo ocorrer em contexto intra ou extrahospitalar. É imperativo atuar de imediato em vítimas de PCR e, de forma a melhorar a eficácia do socorro, recorre-se a uma sequência de atitudes essenciais, conhecida como cadeia de sobrevivência. Após a PCR, é necessária a implementação de cuidados pós-reanimação, que visam melhorar a taxa de sobrevivência da vítima e assegurar o funcionamento íntegro dos órgãos, principalmente o coração e cérebro. Assim, é fundamental determinar o desfecho neurológico, visando otimizar o tratamento e perceber que pacientes beneficiarão do prolongamento de medidas de suporte vital, bem como aumentar a probabilidade de uma recuperação neurológica significativa. É recomendada uma abordagem multimodal, na qual se englobam os PESS. Na realização dos PESS com estimulação do nervo mediano, a onda N20 é o principal potencial cortical gerado pelo córtex somatossensitivo primário, sendo que a sua ausência poderá refletir uma lesão da projeção tálamo-cortical, que poderá impedir o despertar do coma. Assim, quando os PESS são realizados 24h após retorno da circulação espontânea (RCE), a ausência bilateral da onda N20 é preditora de um mau desfecho neurológico. Contudo, a ausência desta onda só tem significado clínico se estiver associada à preservação dos potenciais periféricos. Apesar do seu elevado valor preditivo de mau desfecho neurológico, o papel dos PESS de curta-latência enquanto preditor de bom prognóstico é falível e cerca de metade dos pacientes que apresentam uma N20 preservada bilateralmente mantêm um mau desfecho neurológico. Os PESS devem ser realizados a todos os doentes em coma ≥72h após RCE com Glasgow Motor Score ≤3 e sem a presença de fatores de confusão. Conclusão - Apesar das suas limitações, os PESS de curta latência têm um valor preditivo importante após PCR e o valor dos Potenciais Evocados enquanto preditores para avaliação prognóstica tem sido cada vez mais estudado. O seu papel apresenta um futuro promissor na determinação do desfecho neurológico dos pacientes comatosos.