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Abstract(s)
Ao longo dos últimos trinta anos que o curso de Relações Públicas e Comunicação Empresarial da Escola Superior de Comunicação Social do Instituto Politécnico de Lisboa (ESCS-IPL) é conhecido pelos seus laboratórios. O conceito de "laboratório" como estruturante desta oferta formativa da ESCS-IPL deve-se a um dos antepassados, talvez o seu mais ilustre avô. Seitel (2013) considerou-o como o verdadeiro precursor das Relações Públicas (RP) do novo milénio. Falamos de Ivy Lee - e como Hiebert (2017) tão bem o diz - o primeiro profissional que defendeu a ideia de que o público necessita tanto de ser informado (com verdade e transparência), como deve ser cabalmente compreendido nos seus interesses e expectativas. Era seu entendimento que a prática profissional das RP (abriu a sua primeira agência com Parker em 1904) era uma prática laboratorial.
"Laboratório" é contudo também o nome do gene dominante que ao fim de três gerações (bacharelato, licenciatura, licenciatura pós-Bolonha) se mantém inalterado, e por enquanto, sem nenhuma mutação conhecida, do referido curso. Saber não só fazer, mas saber o porquê desse fazer, foi sempre o lema destas unidades curriculares construídas num diálogo constante com o mercado, sem contudo ceder a modas conceptuais ou facilitismo em termos de processos de pensamento ou investigação teórica.
Mas mais que tudo a opção pelos laboratórios em detrimento de estágios profissionais, enquadrou-se numa filosofia clara de, por um lado, investigação-acção, e por outro, da necessidade de a universidade se posicionar ela própria como construtora de uma identidade profissional. Especialmente numa profissão tão pouco conhecida (ou reconhecida) na sociedade portuguesa, e também alvo de questionamentos graves sobre a sua mais valia societal nos mercados globais, para já não falar de constrangimentos, confusões ou indefinições conceptuais e profissionais.
Provavelmente quase avant la lettre a construção dos "laboratórios" visou superar dicotomias cartesianas e preparar os estudantes para cenários de maior complexidade, incerteza e interatividade. É ir um passo mais além da investigação aplicada e envolver os stakeholders (estudantes, comunidade, "clientes") no processo de investigação, na definição de problemas e na construção de soluções. É claramente fomentar a capacidade de desenvolver um conhecimento prático, participativo e permitir a experimentação num ambiente diríamos "protegido" como é o das aulas, mas também permitir aos professores evoluir no seu saber e fomentar o corpo teórico na área. Esta co-construção não pode ser pensada fora de uma visão tão clara quanto possível de uma identidade profissional que se constrói num processo dialéctico com o mercado real mas também com o mercado "desejado".
Description
Keywords
Laboratórios Relações públicas Identidade profissional
Citation
Eiró-Gomes, M., & Raposo, A (2021, mar, 05-06). Laboratórios de uma identidade profissional. Comunicação apresentada, Online, no Seminário Dar asas ao saber: Investigação, construção de conhecimento e práticas profissionais, Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico de Setúbal, Setúbal, Portugal.
Publisher
CIEF-IPS - Centro de Investigação em Educação e Formação
Escola Superior de Educação - Instituto Politécnico de Setúbal
Escola Superior de Educação - Instituto Politécnico de Setúbal