ESTC - Teses de Doutoramento
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- O toque e a diferença : um estudo da emergência criadora na formação do intérprete contemporâneoPublication . Aprea, Ciro; Guimarães, Daniel Tércio Ramos; Tavares, Gonçalo Manuel AlbuquerqueEste estudo analisa o lugar do corpo sensível na formação do intérprete contemporâneo à luz dos conceitos de toque e de diferença. A investigação partiu do encontro entre estes dois conceitos que, inicialmente, refletem modos distintos de pensar a vida sensível. Por um lado, o toque como tato, como sentido do tangível, estatui-se ao mesmo tempo como o mais difícil de definir entre todos os sentidos, pela sua duplicidade e plasticidade. O toque apresenta duas dimensões: uma focada, local, coincidente com os contornos objetivos do contacto físico; outra mais difusa, global, que se estende interiormente a todo o corpo. Este toque interno do corpo tem sido objeto de explorações filosóficas intensas seja como “sentido dos sentidos”, o sentido no qual convergem todos os outros na apreensão complexa da realidade, mas também como fundo percetivo que sustenta a perceção de si e o sentimento de existência. Por outro lado, a diferença é o conceito pelo qual Gilles Deleuze pensa a vida sensível do ponto de vista das relações de força que a fundamentam. A diferença é o que permite acolher o movimento de forças que constituem o mundo concreto “entre” e “para além” das formas organizadas. Deleuze fala de um “puro sensível”, um “ser do sensível” que excede o sensível sentido e representado, e que se manifesta por uma espécie de “mouvance”, “uma diferença na intensidade”, uma variação contínua da matéria, que leva o existente, a vida, a diferir perpetuamente de si mesmo. As noções de toque e de diferença revelam-se regimes de exploração da vida sensível à partida distintos: o campo da intencionalidade e da experiência vivida; o campo intensivo da experimentação, o plano da vida vivida e não reconhecida. O intérprete encontra-se numa posição paradoxal: a sua pesquisa obriga-o a gerir constantemente análise e imersão, a situar-se entre o plano de experimentação e o plano da experiência. Ele deve gerir dois estados de presença que parecem, à primeira vista, excluir-se um ao outro. No nosso estudo, para além da tensão epistemológica inicial, este binómio configura um campo para a exploração prática da emergência criadora onde o toque é encarado como o elemento técnico que pode ligar e tornar mais percetíveis as vias de passagem entre o campo da experiência e o campo da experimentação, os procedimentos que permitem a transição do corpo intencional ao corpo intensional. Finalmente, a reflexão que move o presente estudo assenta numa intensa prática pedagógica onde as noções de toque e diferença operam não apenas como conceitos mas como ferramentas práticas, quadros de experiência concretos, para a abertura intensiva do corpo.