Browsing by Author "Luheng, Yan"
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- Water quality in lakes and reservoirs in ChinaPublication . Luheng, Yan; Barbosa, Ana Estela Azevedo Camacho Vasconcelos; Santos, João Alfredo Ferreira dosA China é o país mais populoso do mundo, com mais de 1350 milhões de habitantes, sendo também um dos países do mundo com maior área. Contudo, a distribuição dos recursos hídricos no território não é homogénea havendo cada vez mais problemas graves de escassez de água, especialmente no nordeste do país. Na última década, a qualidade da água dos lagos e albufeiras da China degradou-se devido a várias causas, sendo a mais relevante das quais a grande população do país. A poluição da água e a destruição dos ecossistemas aquáticos tem causado danos enormes nas funções e na integridade dos recursos hídricos. Aproximadamente 298 milhões de chineses que vivem em áreas rurais não têm acesso a água potável e, em 2011, 40% dos rios da China estavam poluídos por resíduos industriais e agrícolas. O objetivo deste trabalho é identificar os problemas mais comuns que afetam a qualidade da água em lagos e albufeiras da China e analisar as variáveis que controlam a qualidade da água, com base na pesquisa de publicações científicas, bases de dados de artigos científicos, mapas do Google e outras fontes de informação. Da pesquisa inicial foram selecionados 58 artigos científicos que descrevem o estado de 52 massas de água. Esta informação foi sumariada num quadro com as características mais relevantes, nomeadamente a identificação do lago / albufeira, as fontes de poluição, os parâmetros de qualidade da água avaliados e as metodologias utilizadas nos estudos. Esta análise faculta uma visão global da situação nos lagos e albufeiras da China. Verificou-se que os poluentes mais comuns são o azoto e o fósforo. Isto sugere que as massas de água na China estão com problemas sérios de eutrofização resultantes de práticas agrícolas. Outra fonte de poluição difusa, as atividades de exploração mineira, foram consideradas em 6 dos 58 trabalhos selecionados. Por outro lado, as fontes mais relevantes de poluição pontual são os efluentes de atividades industriais e instalações de uso público ou doméstico. Atendendo às Normas Chinesas para a Qualidade de Águas Superficiais (GB3838), verifica-se que a qualidade da água na maioria dos 52 lagos e albufeiras é da classe 3. Nove das onze massas de água classificadas como da classe 1 ou 2 são albufeiras e duas delas são lagos. Quinze das dezoito massas de água das classes 4, 5 e acima de 5 são lagos, sendo as três restantes albufeiras. Portanto, parece que na China a qualidade da água em albufeiras tende a ser melhor que em lagos. De entre aquelas 53 massas de água, selecionaram-se seis casos de estudo como representativos dos lagos e albufeiras da China. O critério foi ter 2 grupos de massas de água de dimensões comparáveis (volume de água e área da bacia hidrográfica) mas colocadas em regiões de precipitação média anual distintas. De acordo com este critério, definiram-se dois grupos. O Grupo 1 inclui os lagos Poyang, Dongting e Hulun cujos volumes são, respetivamente, 276 x108m3, 170 x108m3 e 131 x108m3 e a precipitação média anual de 1639 mm, 1350 mm e 319 mm. As massas de água do Grupo 2 são mais pequenas; são elas as albufeiras de Shitoukoumen (12.6 x108m3; 565 mm) e Yuqiao (15,6 x108m3; 750 mm ) e o lago Dianchi (15,7x108m3; 1007 mm). Foi reunida informação adicional para melhor se entender e comparar o estado da qualidade da água nestes 6 estudos de caso, incluindo-se a análise do grau de eutrofização em cada caso. Comparando a qualidade da água dos dois grupos, verificou-se que o lago Poyang embora tenha graves problemas de poluição por fósforo é o que tem melhor qualidade da água (classe 4) no Grupo 1. Os lagos Dongting e Hulun têm problemas com poluição por azoto sendo da classe 5 e acima da classe 5, respetivamente. Nas albufeiras Shitoukoumen e Yuqiao, do Grupo 2, a poluição por azoto é mais grave que a poluição por fósforo, sendo a qualidade da água similar para ambas(classe 3). Por outro lado, entre os casos de estudo do Grupo 2 o lago Dianchi é o que apresenta a pior qualidade da água, estando acima da classe 5. Na China existem diferenças sazonais na quantidade de precipitação e na temperatura. Verificou-se que 4 das 6 massas de água, nomeadamente os lagos Poyang, Dongting e Dianchi e a albufeiras Yuqiao têm mudanças sazonais na qualidade da água. Apenas o lago Hulun e a albufeira Shitoukoumen não exibem este fenómeno, provavelmente porque ambas as regiões têm precipitação média anual baixa e, consequentemente, características hidrológicas relativamente estáveis. Em ambos os grupos há massas de água que exibem os seguintes padrões: 1) qualidade da água na estação húmida melhor que na estação sêca (lagos Poyang e Dianchi); 2) qualidade da água na estação sêca melhor que na estação húmida (lago Donting e albufeira Yuqiao); 3) qualidade da água sem variação ao longo do ano (lago Hulun e albufeira Shitoukoumen). O primeiro e o segundo padrão podem dever-se ao fato de a diluição dos poluentes numa massa de água ser reforçada em regiões com estação húmida mais longa. Bem como com precipitação média anual mais elevada, resultando em concentrações de poluentes mais baixas na estação sêca quando comparadas com as da estação húmida. A observação e análise destes 6 casos de estudo mostram como a qualidade das água superficiais está relacionada com várias características da bacia hidrográfica, nomeadamente com condições climáticas e geográficas. A produção de poluentes é desencadeada por atividades humanas e as que têm maior impacto nos lagos e albufeiras da China são: a agricultura, a aplicação de produtos químicos, o desenvolvimento urbano e industrial, os sistemas de irrigação e drenagem e o turismo. Leis ou regulamentos de água e o envolvimento público na fiscalização podem desempenhar um papel construtivo na proteção do ambiente. No futuro próximo, para proteger a água de mais contaminação, a China deve tomar medidas para controlar os diversos tipos de poluição difusa e pontual que ainda ameaçam a qualidade da água, em especial nas águas residuais da agricultura, indústria e de usos domésticos. São necessárias normas ambientais mais rigorosas para a qualidade da água para apoiar estratégias de proteção e gestão.