Browsing by Author "Gomes, Ana Patrícia Soares Tauleigne"
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- Avaliação da toxicidade de catinonas sintéticas usadas como drogas de abusoPublication . Gomes, Ana Patrícia Soares Tauleigne; Pacheco, Rita Isabel Dias; Gaspar, Helena Margarida Guerreiro GallaNa última década, verificou-se globalmente um aumento do consumo de novas substâncias psicoativas (NSP) como drogas de abuso. A 2ª classe mais abundante entre as NSP relatadas ao EMCDDA (European Monitoring Centre for Drugs and Drug Addiction) são as catinonas sintéticas. Estas NSP representam uma ameaça à saúde pública pois pretendem mimetizar o efeito de drogas ilícitas, no entanto, as consequências associadas ao seu consumo são ainda pouco conhecidas e, tendo ocorrido várias fatalidades relacionadas à sua utilização. De modo a aumentar o conhecimento sobre as catinonas sintéticas foi avaliado o potencial efeito citotóxico in vitro, usando a linha celular de hepatocarcinoma humano (HepG2) e a linha celular diferenciada de neuroblastoma humano (SH-SY5Y), e ainda o efeito sobre a atividade da enzima acetilcolinesterase (AChE), de 21 catinonas: 2’-CMC, 3’-CMC, 4’-CMC, 2’-CEC, 3’-CEC, 4’-CEC, 3’-CBC, 4’-CBC, 2’-Cl-PPP, 3’-Cl-PPP, 4’-Cl-PPP, 2’-CDC, 3’-CDC, 4’-CDC, 3’-Cl-DEC, 4’-Cl-DEC, 3’-CIC, 4’-CIC, 3’-Cl-TBC, 4’-Cl-TBC e a mefedrona. Destas, foram sintetizadas e caracterizadas por RMN as cloro-N-butilcatinonas (CBC). Foi possível comprovar uma relação entre as atividades obtidas e a estrutura das catinonas testadas, tendo-se demonstrado pela primeira vez, que as catinonas inibem a atividade da AChE. Verificou-se que as catinonas que apresentaram melhor capacidade inibitória têm uma cadeia N, N-dialquílica com quatro átomos de carbono (3’-Cl-DEC, 4’-Cl-DEC) ou uma cadeia N-isopropílica (3’-CIC). Verificou-se, de um modo geral, um aumento da citotoxicidade em ambas as linhas celulares, com o aumento da cadeia N-alquílica do grupo amino, sendo as catinonas sintetizadas, 3’-CBC e 4’-CBC, as mais ativas. A comparação dos valores do LC50 da mefedrona e da 4’-CMC sugere que a substituição de um grupo metilo por um átomo de cloro no anel aromático aumenta a citotoxicidade. Apesar de existirem diferenças significativas nas atividades obtidas entre a maioria dos regioisómeros, que diferem na posição do átomo do cloro no anel aromático (orto, meta e para), não se verificou uma tendência regular no efeito desta posição sobre a atividade. Foi ainda realizada uma previsão in silico das propriedades farmacocinéticas ADME (absorção, distribuição, metabolismo e excreção) das catinonas usadas neste trabalho, nomeadamente as suas propriedades físico-químicas e o seu potencial de bioatividade. Os dados obtidos no geral indicam que todas as catinonas poderão exibir uma boa disponibilidade oral, evidenciando que o seu consumo, para além dos efeitos experimentalmente determinados neste trabalho, constituem um risco para saúde dos consumidores. É de ressalvar ainda a necessidade de continuar a investigar outros efeitos biológicos potencialmente associados ao consumo destas substâncias.