ISEL - Engenharia da Qualidade e Ambiente
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Browsing ISEL - Engenharia da Qualidade e Ambiente by Author "Amaral, Inês Carvalhal"
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- Reutilização de águas residuais tratadas na rega de espaços verdes: efeito de salinidade nos solos e nas plantasPublication . Amaral, Inês Carvalhal; Melo, Ana Maria Barreiros Joanaz de; Matos, ManuelA água é, globalmente, um bem escasso, sobretudo a água “doce”. Prevê-se que as necessidades globais de água “doce” aumentem cerca de 20 a 30% até ao ano 2050. Segundo a ERSAR, em 2018, o consumo de água em Portugal através da rede de abastecimento foi de cerca de 1950 milhões de m3. No entanto a agricultura consome diretamente de furos, rios e albufeiras cerca de 8700 milhões de m3 por ano. Este elevado consumo poderá levar num futuro próximo à escassez de água para rega, nomeadamente no sul de Portugal a que se juntarão os fatores adicionados pelas alterações climáticas. Importa assim avaliar a utilização de outras fontes de água para rega entre elas a reutilização da água residual tratada que é produzida pelas estações de tratamento de águas residuais (ETAR) e que na sua maioria é descarregada diretamente em meio hídrico. As ETAR tratam em Portugal cerca de 630 milhões de m3/ano de água tratada que na sua grande maioria não é aproveitada para rega ou outros fins. A utilização de águas residuais tratadas tem no entanto algumas limitações. Entre elas a possibilidade de contaminação microbiológica dos trabalhadores e utilizadores dos locais regados e também para os consumidores quando se trata de rega de produtos hortícolas. Para além destes problemas temos muitas situações em que existe intrusão de águas salgadas nos sistemas de drenagem e nas linhas de descarga costeiras. Esta intrusão salina pode comprometer o seu uso para rega e é uma situação vivida pela empresa SIMARSUL que gere o tratamento das águas residuais na Península de Setúbal e que foi parceira neste trabalho. Neste trabalho avaliou-se o efeito da utilização de águas residuais tratadas com diferentes teores de salinidade na rega de relva, de plantas aromáticas (alecrim, alfazema e tomilho) e de culturas hortícolas (alface e couve-galega). Efetuaram-se ensaios de germinação com alface e couve-galega e ensaios de rega numa estufa com todas as espécies mencionadas e sob condições controladas. Avaliou-se o impacto na salinização do solo e no desenvolvimento das plantas. Os resultados suportaram-se em medidas de taxas de germinação e crescimento, medidas de condutividade e de pH dos solos, plantas e águas, e de medida do teor de clorofila nas plantas. Os resultados obtidos mostram diferentes comportamentos com as espécies hortícolas, nomeadamente a alface, a suportar mal o aumento de salinidade. A relva apresenta uma elevada capacidade de adaptação ao aumento de salinidade das águas. Por seu lado, as plantas aromáticas têm no alecrim uma espécie bastante resistente ao aumento de salinidade das águas de rega sem que o seu teor de sal aumente significativamente. A alfazema e o tomilho apresentam uma resistência também assinalável mas com um aumento do teor de sais na sua composição. A nível de solos constata-se que o aumento dos teores de sais nos solos está diretamente ligado à absorção de sais pela planta aí cultivada. Quando as espécies cultivadas absorvem os sais, os teores destes diminuem nos solos. Globalmente a rega com a água residual tratada apresenta viabilidade e apenas se verifica alguma sensibilidade das plantas para os valores mais elevados de salinidade. O reaproveitamento destas águas será assim vantajoso a nível ambiental e também económico pelo que deverá ser incentivada esta prática sempre acompanhada dos procedimentos necessários para garantir a saúde e segurança dos intervenientes.