Browsing by Author "Brito, Sofia"
Now showing 1 - 1 of 1
Results Per Page
Sort Options
- Como ser animal: a prática "contact improvisation" enquanto crítica ao mito do excecionalismoPublication . Brito, Sofia; Bento, Diogo; Corrêa, Graça P.O presente projeto resulta numa criação performativa que pretende dar visibilidade e compreensão ao que não se vê da prática Contact Improvisation (CI), e que, no entanto, se sente e se vivencia por quem pratica. Steve Paxton, em 1972, preconizou uma pesquisa em dança na busca de ancestralidade; cruzando muitas questões do momento, em conjunto com os seus pares, foi desenvolvendo uma partitura de improvisação. O meu desafio com esta pesquisa e criação artística é o de partilhar a essência desta partitura, como eu a recebi e como a transmito, revelando o potencial desta prática de dança pós-moderna, enquanto treino para uma cultura ecológica e sustentável. O praticante de CI, ao incorporar certos princípios e questões, reencontra bases fisiológicas da sua natureza instintiva que lhe servem como sabedoria peculiar, trazendo uma reavaliação de valores culturais, na visão e sua relação com a sua natureza selvagem (interior e exterior). Através de uma prática pragmática e física, com foco na regeneração, cooperação e interdependência, a prática continuada de CI transforma a nossa posição em relação ao projeto humano, nomeadamente face ao que é transmitido na cultura mainstream. A pesquisa artística ao longo deste projeto foi movida pela reflexão e análise de várias fontes académicas e científicas, em particular pelo livro Ser Animal Ser Humano, Uma nova história do que significa ser humano de Melanie Challenger, estudiosa da história da humanidade e do mundo natural, e da filosofia ambiental. Nesta obra não-ficcional a autora expõe e fundamenta uma crítica ao mito do excecionalismo humano, mostrando como a negação ou repressão do fato de os humanos serem animais teve consequências profundamente lesivas quer para a forma como vivemos, quer para todas as formas de vida no planeta. Sublinha ainda a gravidade de vivermos coletivamente sujeitos a uma agenda para o futuro que está a ser imaginada por um animal que não só não acredita ser animal, como também não quer ser animal. Ao demonstrar que ser humano significa ser animal, e que esta condição contém em si mesma uma imensa alegria de viver, venho revelar os aspetos que se treinam na prática Contact Improvisation, uma prática que é na sua essência fisiológica e que desconstrói questões e paradigmas sociais, psicológicos, políticos e ambientais que são atuais e de grande relevância nas escolhas que estamos a fazer para as gerações futuras.