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Uma sombra o precede: lei da morte, hospitalidade e cuidados de suporte
dc.contributor.author | Marques, Manuel Silvério | |
dc.date.accessioned | 2011-11-29T22:39:06Z | |
dc.date.available | 2011-11-29T22:39:06Z | |
dc.date.issued | 2010-04 | |
dc.description.abstract | O tópico “Saúde, complexidades e perplexidades” é uma óptima maneira de nos fazer pensar “sobre a morte e o morrer nas sociedades contemporâneas” sem facilidades e sem fingimentos. Bem hajam, pois, por esta oportunidade. O meu propósito neste trabalho é limitado: partilhar algumas interrogações em torno do desaparecimento da ordem social “hospitaleira”, ou seja, da invenção do moribundo anónimo. Antes quero deixar uma breve nota sobre a complexidade no horizonte da tensão inegável entre o decadente humanismo médico-assistencial e uma biomedicina “épica” e reificadora. Trata-se de aceitar o papel da incerteza e da incógnita no mundo da vida, no mundo das escolhas e dos valores: a medicina é, desde os gregos, uma prática de afrontamento e de redução do acaso (os gregos distinguiam, segundo o prognóstico, doenças do acaso e doenças da necessidade). Daqui a invenção do kairós, a boa ocasião, a exigência de acribia, a justa medida. Daqui a teoria da prudência, da precaução, o célebre preceito primo non nocere; muitos argumentos utilizados nos debates sobre as oposições aristotélicas tyché/techné (acaso/arte) e necessário/não necessário foram integrados na doutrina da Krisis, da decisão. No exercício da clínica (e na vida), o juízo é incerto, vulnerável, entre singularidade e complexidade. Com efeito, a melhor compreensão da complexidade organizada a partir da nova “iatromecânica” e da velha “iatrofilosofia” remete-nos hoje para o “todo” biopsicossocial. O acto médico, que já foi principalmente regime (dieta) e profecia (prognóstico), hoje é cura e cuidado, prevenção e reabilitação, tende a ser cada vez mais reparação e paliação. É, porém, sempre, encontro e relação terapêutica; mais que a doença, o seu foco é – deve ser – o doente e a sua circunstância. A boa posição é, por isso, clínica; o termo clínica significa, etimologicamente, à cabeceira do doente. Eis os contornos desta pequena apologia da hospitalidade em medicina, em especial do acolhimento e do reconhecimento do doente dependente ou em fim de vida. Afinal a morte é uma tragédia inter-pessoal: sempre único o ser humano, nunca é só. Uma sombra o precede. | por |
dc.identifier.citation | Marques MS. Uma sombra o precede: lei da morte, hospitalidade e cuidados de suporte. Alicerces. 2010;III(3):147-65. | por |
dc.identifier.issn | 1645-7943 | |
dc.identifier.uri | http://hdl.handle.net/10400.21/735 | |
dc.language.iso | por | por |
dc.peerreviewed | yes | por |
dc.publisher | Instituto Politécnico de Lisboa | por |
dc.subject | Sociologia da saúde | por |
dc.subject | Morte | por |
dc.subject | Morrer | por |
dc.subject | Cuidados paliativos | por |
dc.subject | Hospitalidade | por |
dc.title | Uma sombra o precede: lei da morte, hospitalidade e cuidados de suporte | por |
dc.type | journal article | |
dspace.entity.type | Publication | |
oaire.citation.endPage | 165 | por |
oaire.citation.startPage | 147 | por |
oaire.citation.title | Alicerces | por |
rcaap.rights | openAccess | por |
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